Pouco a pouco foram-se refinando os conceitos de ajuda e de partilha. Hoje é-se feliz por juntar muita tampinha, por arredondar um pagamento, por comprar uma Leopoldina, e por colaborar em não sei quantas mais manhas, todas inventadas paraos grandes grupos económicos oferecerem em programas degradantes aos "pobrezinhos e necessitados".
Então vêm uns senhores engravatados receberem publicamente essas esmolas em nome de tal ou tal outra obra. E a todo este espectáculo se junta um coro de gente das televisões que também aproveitam para se auto promoverem. Fazem-se espectáculos nas rádios e televisões e o país assiste inebriado a tanta "amizade" a tanta"partilha". Mostram- tal como no circo os "felizes contemplados" que sem essa acção caridosa não teriam a sua cadeira de rodas ou o seu brinquedo ou lá o que fosse. É uma autêntica subversão de valores, pedir aos outros para se auto promoverem com dinheiro alheio. E não falta quem arredonde e compre inutilidades porque não sei quantos porcento vão para esta ou aquela instituição.
É ao estado que compete suprir essas necessidades com solidariedade, não com esmolas, nem com vexame. E se os grandes grupos económicos querem contribuir pois muito bem, que o façam com verbas provenientes dos seus lucros que são fabulosos, lucros esses que nós ajudamos a criar. Se continuassem a dizer que essas ofertas eram também dos seus clientes, ainda assim era correcto.
Há muita gente que necessita de apoio, tanto mais que o nosso governo insiste em substituir os direitos por caridade, enxovalhar idosos e pessoas com deficiência, enxovalhar pais e filhos de gente trabalhadora e honesta.
Há instituições locais que todos conhecem e se esforçam para além do humano para conseguirem dar apoios condignos aos nossos concidadãos. Então para quê embandeirar nessas modernices do "arredonda" e do compra aqui compra ali porque uma percentagem é para fins de beneficência?. Quem controla essas verbas? onde vêem publicadas as receitas e as despesas? Nas instituições da tua terra podes ser sócio, podes participar nas Assembleias Gerais e com outros concidadãos controlar a verba que entregas para para os fins que, em diálogo com a instituição, tu eleges.
Entrega o teu apoio todo o ano e não especificamente no Natal se efectivamente queres colaborar em programas locais de apoio e bem -estar e assim podes exigir prestações de cuidados condignos aos teus concidadãos.
A campanha das tampinhas "era a única esperança" de Sandra Costa para conseguir uma cadeira adaptada em que o filho, com 14 anos e paralisia cerebral, pudesse manter o corpo direito. Mas a associação em que "confiou" falhou e nunca deu contas do dinheiro angariado com a venda das toneladas de plástico recolhidas em nome do Ricardo André.
Precisa de cadeira de rodas mas só recebeu sobras das tampinhas - JN
foto ANA CORREIA COSTA/JN |
Desde setembro que a família de Ricardo André tem à porta de casa um monte de sacos |
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