quinta-feira, 29 de maio de 2014

3 razões para contratar pessoas com deficiência - PEGN | Notícias

3 razões para contratar pessoas com deficiência - PEGN | Notícias

“Deixar a deficiência no lugar dela e questionar quais as habilidades da pessoa é o caminho para fazer a escolha certa”, afirma a especialista (Foto: Thinkstock)

Quais benefícios a contratação de uma pessoa com deficiência  pode trazer para a sua empresa? Ana Paula Peguim, gestora estadual do Programa de Acessibilidade do Sebrae-SP, lista alguns.
De acordo com ela, a Lei de Cotas para pessoas com deficiência só se aplica a negócios que têm a partir de 100 funcionários, o que não a torna obrigatória para micro e pequenas empresas. Apesar disso, o Sebrae estimula a contratação desses profissionais por empresas das duas categorias.
Conheça, abaixo, vantagens que o trabalho diário com esses profissionais pode trazer:
Aprender a valorizar os funcionários. Desde o momento da contratação, o empregador deve ter claro que vai contratar alguém levando em consideração suas competências. Nada diferente do habitual. “Deixar a deficiência no lugar dela e questionar quais as habilidades da pessoa é o caminho para fazer a escolha certa”. Que atividades aquele candidato sabe realizar? Do que ele gosta? Do que não gosta? Qual a sua formação? Sua experiência curricular? E só então deve vir a pergunta: do que você precisa? “A deficiência é uma característica e não um fator dominante”.
Aperfeiçoar a acessibilidade. Ao contratar uma pessoa com deficiência, o empregador pode se aproximar de uma realidade que talvez não conhecesse. Assim, além de proporcionar uma oportunidade, abre um canal para ajudar outras pessoas com deficiência. “Se o empreendedor tem um restaurante e não instala rampas de acesso, limita a recepção de um deficiente físico, seja ele seu cliente ou funcionário. Trazer as questões para mais perto de si ajuda a entender as necessidades dessas pessoas e colocar em prática o respeito aos seus direitos”.
Melhorar o clima organizacional. Frente a frente com uma pessoa com deficiência, é comum que outros profissionais reflitam sobre sua atuação. E isso não significa que alguém com deficiência provoque sentimento de pena ou dó, muito pelo contrário. Respeitadas suas necessidades, essa pessoa deve ser tratada como todos os demais. O fato é que sua atuação geralmente serve de exemplo.  “Convivendo com quem enfrenta aparentes dificuldades, a equipe se sente motivada e com o ímpeto de colaboração maior”.

Este país não é para... todos! - JOSÉ ANTÓNIO FERREIRA LOPES 24/05/2013 - Público

Na forma como se pensam e se gerem as nossas cidades, deve ser preocupação presente e crescente o modo como são asseguradas a todos os cidadãos as mesmas oportunidades de acesso, participação ou usufruto do conjunto dos seus espaços, bens e serviços. Ora se para a interacção do indivíduo com o meio (leia-se do cidadão com a cidade) contribuem determinantemente as suas capacidades pessoais, únicas e diferenciadoras (físicas, sensoriais e cognitivas) e que estas são dinâmicas e variáveis, dependendo da idade, do sexo ou da condição de saúde, deve naturalmente responsabilizar-se o meio urbano, não descurando as suas características e atributos dos espaços, edifícios e serviços que o compõem.
Se genericamente se aceita que os diversos ambientes construídos se apresentem com condições mais adversas ou mais favoráveis ao seu usufruto, assume-se com relutância que as nossas cidades o fazem de forma muito desigual e discriminadora. No que respeita à forma como as cidades se organizam e desenvolvem, encontramos razões de fundo na constituição dos solos ou no relevo, mas para o cidadão, seja enquanto peão, ciclista, automobilista ou utilizador de transportes públicos, essa desigualdade é patente no modo como se encontram concebidos e construídos os espaços públicos (arruamentos, praças, parques e jardins) e o modo como a eles acedemos, como aos edifícios, aos sistemas de transporte, de orientação ou informação ou outros serviços urbanos.
O ideal e a ambição de melhorar o acesso de "todos a tudo" fazem com que os governos de muitas das nossas cidades tenham vindo a empreender acções de adaptação e de qualificação do desempenho urbano, oferecendo uma melhor qualidade de vida, conseguindo ainda uma maior sustentabilidade do sistema urbano, bem como a potenciação dos seus factores distintivos de atractividade e de competitividade. É debaixo dos princípios técnicos do que se designa por "Design Inclusivo", "Universal" ou "para Todos", e na abrangência destes propósitos e conceitos, que persegue a "Cidade Acessível", lugar privilegiado da aproximação ao exercício do direito à acessibilidade e, através dele, à plena cidadania.
Existe ainda um número demasiado elevado, e diga-se assustadoramente crescente, de cidadãos para quem o meio urbano construído, produtos e serviços prestados pela cidade, apresentam um elevado grau de inadequação às suas necessidades, sejam permanentes ou temporárias. Das crianças aos idosos, dos acidentados aos portadores de doenças debilitantes, para quem transporta bagagem ou um carrinho de bebé, para todos, enquanto condicionados na sua mobilidade, o meio construído apresenta dificuldades à interacção, sejam ao nível da acessibilidade física, da orientação ou do acesso à informação. Se estas condições causam frequentemente uma redução das capacidades físicas e sensoriais do indivíduo, os processos de envelhecimento que todos experimentamos vêm, nos contextos actuais, a limitar e condicionar o usufruto das funções e actividades urbanas.
A estatística não engana. Se os europeus contam hoje com a maior esperança de vida à nascença e se Portugal chegará a 2050 com quase 40% da população acima dos 60 anos e quase 30% com mais de 80 anos (dados das Nações Unidas), não podem mais os responsáveis pelos processos de reabilitação do edificado ou de requalificação urbana descurar estas realidades. Um edifício, um espaço, um equipamento público, um produto ou um serviço dito "inclusivo" ou "para todos", garante necessariamente um leque maior de utilizadores, maior frequência e comodidade das interacções e, numa lógica mais radicalmente económica, um alargamento do mercado alvo, das margens de lucro e da reputação ou imagem pública do produto, serviço, instituição ou da cidade no seu todo. Assim os custos ditos "acrescidos" da implementação de soluções "inclusivas" traduzem-se em retorno previsível, mais ainda porque a sua publicitação está assegurada por um conjunto de instituições que a este "cadastro" se dedicam e se constituem como observatórios e divulgadores de boas práticas. Ao invés, e por força da publicidade indesejada ou da concorrência de um mercado atento a estas questões, perdem todos os que não forem sensíveis a estas necessidades e obrigações que, para além de direitos constitucionais, são deveres já consagrados na lei portuguesa.
O quase desinteresse das sociedades e do poder político no que respeita a estas questões é já histórico. De há muito que quem se encontra em situação de limitação ou incapacidade, seja por razões congénitas ou adquiridas, se vê (e quantas vezes, se resigna como fatal) ostracizado ou marginalizado da vida da respectiva comunidade, sempre sob a condescendência e a caridade dos demais ou debaixo de uma preocupação politicamente correcta. Não se pode tratar apenas de melhorar leis, normas ou regulamentos. É preciso que se opere um verdadeira mudança cultural na forma como são entendidas e reivindicadas as questões da acessibilidade, colocando-as como tema central da equidade e democracia. Se a título de exemplo se analisar a implementação do que foi designado por Plano Nacional de Promoção da Acessibilidade, não só se pode verificar que as medidas preconizadas não têm sido integralmente observadas, como é o Estado o seu primeiro incumpridor, seja por omissão, seja por demissão.
E se para muitos este é um paradigma novo ao nível dos conceitos fundamentais, impõe-se que estes encontrem a devida tradução prática, no dia-a-dia das autarquias e do Governo. Não é aceitável que na sociedade civil perdure um tão continuado e generalizado alheamento da defesa do espaço público, verdadeiramente inclusivo, enquanto coisa pública e, por isso, de facto de todos, sem excepção. Desenganemo-nos, lendo Lewis Mumford, "(...) Handicap é as pessoas pensarem que em democracia os governos são diferentes de quem os elegeu (...)"
Arquitecto e gerente do gabinete de arquitectura Ad quadratum arquitectos
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domingo, 25 de maio de 2014

Blog da Audiodescrição: Como a audiodescrição mexe com as pessoas



Logotipo do Blog da Audiodescrição: letras A e D. A letra D forma grafismo lembrando ondas sonoras se propagando

Blog da Audiodescrição: Como a audiodescrição mexe com as pessoas: Gostaria de partilhar depoimentos que mostram o potencial transformador da audiodescrição. Mas, como isso acontece?

Gostaria de partilhar depoimentos que mostram o potencial transformador da audiodescrição. Mas, como isso acontece?
A audiodescrição possibilita exercer o direito de acesso à informação, garantido desde a Declaração Universal dos Direitos do Homem e enfatizado pela Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (artigo 21).
Nas palavras de uma moça de 28 anos, que perdeu a visão com 6 anos:
"Se eu enxergasse, talvez fosse ao cinema, talvez fosse ao shopping, talvez gostasse de passear".
Os depoimentos foram colhidos por alunos do primeiro curso brasileiro de Especialização em Audiodescrição no Brasil, da Universidade Federal de Juiz de Fora, com apoio da Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência. O curso é de responsabilidade do NGIME - Núcleo de Pesquisa em inclusão, Movimento e Ensino a Distância, coordenado pela Profa. Eliana Lucia Ferreira e coordenação pedagógica da Profa. Lívia Motta, referência neste tema.
Tive a honra de ministrar a disciplina "Inclusão cultural das pessoas com deficiência e os diferentes públicos da Audiodescrição", juntamente com Cristiana Cerchiari. O objetivo era desafiar os alunos a estender a aplicação da audiodescrição para pessoas com outros tipos de deficiência ou outras características, como idosos.
Os trabalhos finais da disciplina propunham exibir um filme com audiodescrição como um exercício, sem pretensões acadêmicas e sem o rigor de uma pesquisa científica: para se aproximar de pessoas cujas características estudamos e perceber o potencial deste recurso na vida real.
Os relatórios trazem situações de todo o Brasil e reações de pessoas com os mais variados perfis. As exibições aconteceram em auditórios, salas de aula, ginásios de esporte, salas de visita.
Uma mulher mineira que ficou cega, afirmou: "Eu desisti de dar meu DVD, que fica lá encostado porque não tenho quem veja filme comigo. Agora não. Vou lutar muito pela audiodescrição. Eu conseguiria ver o filme sozinha [com audiodescrição] e ia ligar correndo para algum amigo que tenha visto para conversar, porque eu não resisto sobre trocar ideias de alguma coisa".
Uma menina cega, em Goiânia, resumiu: "O filme com audiodescrição ajuda as pessoas com deficiência visual a ficarem mais emocionadas".
"Eu me senti respeitado como ser humano", disse um senhor de 52 anos.
Outro assistiu o filme imóvel, ignorando a pipoca que circulava na plateia. Perguntado sobre suas impressões, falou 25 minutos sem parar - tinha se reencontrado com uma de suas grandes paixões – o Cinema – que perdeu ao perder a visão.
"Assistir a um filme com audiodescrição é tudo, sem audiodescrição não dá, né"?, resumiu uma garota com deficiência visual, no Rio de Janeiro.
Dois adultos comentaram, ao final da exibição do filme “O Palhaço”:
"Professora, eu pensava que filme brasileiro era só pornografia. Nunca imaginei que tinha um filme que fizesse a gente pensar tanto. Muito menos pensei que pudesse ver um filme sem ter que ficar fazendo pergunta". (Uma lágrima rolou em seu rosto). "Esse momento mudou muitas ideias minhas". (Silêncio) "Olha só, como um palhaço faz tanta gente rir e pode ser tão triste?"
Nesse momento o colega entrou na conversa: "Mas o legal é que ele teve força pra mudar a história dele e nos também precisamos ter força pra mudar a nossa".

Marta Gil - consultora na área da Inclusão de Pessoas com Deficiência, socióloga, Coordenadora Executiva do Amankay Instituto de Estudos e Pesquisas, Fellow da Ashoka Empreendedores Sociais e colunista da Revista Reação.
Autora do livro “Caminhos da Inclusão – a trajetória da formação profissional de pessoas com deficiência no SENAI-SP” (Editora SENAI, 2012), organizou livros; tem artigos publicados; participa de eventos no Brasil e no exterior. Áreas de competência: Inclusão na Educação e no 

sábado, 24 de maio de 2014

Cidadãos incapacitados ainda são abbsencionistas à força nas eleições (1ª Pág do Público em destaque)

Cidadãos incapacitados ainda são abstencionistas à força - ANA CRISTINA PEREIRA 24/05/2014 - 08:32 PÚBLICO

Relatório europeu sobre participação política das pessoas com deficiência aponta Portugal como um de três países da União que que fazem depender exercício da capacidade eleitoral da deslocação a mesas de voto.
A mobilidade reduzida e outros tipos de incapacidade impedem muitos portugueses de exercerem o seu direito ao voto ADRIANO MIRANDA
Só Portugal, Grécia e Chipre fazem depender a participação eleitoral dos cidadãos da comparência junto às mesas de voto. Os outros países da União Europeia encontraram métodos alternativos, como o voto por correspondência, o voto electrónico ou o voto por procuração, para não deixar de fora quem está doente ou tem deficiência.
A comparação está na página electrónica da Agência da União Europeia para os Direitos Fundamentais, que, em colaboração com a Comissão Europeia e a Rede Académica de Peritos Europeu da Deficiência (ANED, no acrónimo inglês), desenvolveu 28 indicadores destinados a avaliar a participação política.
Na Áustria, na Dinamarca, na Finlândia, na Alemanha, na Estónia, na Lituânia, nos Países Baixos e no Reino Unido qualquer eleitor que precise de se ausentar pode recorrer a algum método alternativo. Noutros Estados-Membros as alternativas estão disponíveis apenas para as pessoas doentes ou incapacitadas.
O mais comum é quem está doente ou incapacitado deixar-se estar no seu local de residência e aí se deslocarem membros de mesa de voto. O voto por correspondência está disponível em países como a Irlanda, o Luxemburgo e a Polónia. Na Polónia e na Suécia também é possível votar por procuração.
Este é apenas um dos problemas que se levantam, observa Ema Loja, investigadora no Centro de Estudos sobre Deficiência, na Universidade de Leeds, que participou neste relatório. O acesso ao voto está longe de ser garantido para os 80 milhões de cidadãos europeus que têm alguma incapacidade. Estima-se que em Portugal haja cerca de um milhão de pessoas - incluindo as que não têm ainda idade para votar - portadoras de qualquer tipo de deficiência.
De acordo com o relatório O Direito à participação política das pessoas com deficiência: indicadores de direitos humanos, na maioria dos Estados-Membros as pessoas com deficiência até estão mais interessadas em participar do que as outras, mas enfrentam muitas barreiras. 
Tudo começa no acesso à informação relevante sobre o acto eleitoral e os candidatos, explica Ema Loja. Em Portugal, a maior parte dos sítios na Internet são impróprios para cegos e amblíopes. Nos canais de televisão, um surdo não encontra programas com legendas e é raro deparar-se com algum com linguagem gestual.
Há uma semana, a Comissão Nacional de Eleições e o Instituto Nacional para a Reabilitação, em parceria com a Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (Acapo), a Federação Nacional de Cooperativas de Solidariedade Social (Fenacerci), a Federação Portuguesa das Associações de Surdos (FPAS) e a Federação Portuguesa para a Deficiência Mental (Humanitas), divulgaram um pequeno folheto com informação sobre as eleições deste domingo. Foi-se adiando o vídeo com a mesma explicação simples em língua gestual, com locução e legendagem.
A hora de ir votar pode ser um tormento para quem se desloca numa cadeira de rodas. Em Portugal, as seções de voto são instaladas em edifícios públicos, como escolas e juntas de freguesia. Por lei, os edifícios públicos devem estar preparados, mas muitos não estão, lembra Ema Loja, remetendo para a avaliação do Plano de Acção para a Integração das Pessoas com Deficiência.
Jorge Falcato, do Movimento (D) Eficientes Indignados, fala em “desastre completo”. Há uns anos andou por Lisboa a tentar aferir o ponto da situação e encontrou poucas secções de voto preparadas para pessoas com mobilidade reduzida. Admite que o resultado fosse hoje melhor, mas nem por isso suficiente. Ainda há muito quem fique em casa não por querer, mas por não conseguir chegar à mesa de voto. Para exercer o seu direito, alguns avançam ao colo de algum familiar ou amigo. Só que isto, na opinião de Jorge Falcato, levanta “um problema de dignidade”.
Outros incapacitados conseguem subir as escadas, mas afligem-se com obstáculos distintos. Há quem trema tanto que não segure numa caneta. E quem não consiga ler o que está escrito no boletim de voto.
Sendo o voto secreto, Portugal concebe uma excepção: “o eleitor afectado por doença ou deficiência física notória” pode votar acompanhado “de outro eleitor por si escolhido”, em quem deposite confiança. Ora, esse sistema não garante igualdade, esclarece Ana Sofia Antunes, presidente da Acapo. Para votar, aquelas pessoas precisam sempre de recorrer a um segundo eleitor, o que retira secretismo ao seu voto e pode abrir espaço para dúvidas sobre o respeito pela sua vontade.
Outros países encontraram alternativas. O voto electrónico é uma delas. Ana Sofia Antunes lembra que seria necessário um grande investimento para pôr em cada mesa de voto um computador com o software apropriado. Parece-lhe mais viável ter uma matriz em braille para sobrepor ao boletim de voto comum. Com isso, quem pouco ou nada vê poderia ler as opções e assinalar o quadrado desejado.  
O tema não entusiasma as associações de defesa dos direitos dos doentes e dos deficientes. “A participação política é talvez a última prioridade delas”, compreende Ema Loja. Batem-se pelo acesso ao ensino, pelo aumento das pensões ou pelo direito a um assistente pessoal. “Não conseguimos ir a todas”, corrobora Jorge Falcato. Não é um tema em branco, mesmo assim. Algumas estruturas já por diversas vezes chamaram a atenção das entidades competentes. “As autoridades lembram-se quando se está a aproximar o acto eleitoral; depois entram num processo de esquecimento”, lamenta Ana Sofia Antunes. Até ao acto eleitoral seguinte.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

EM FRANÇA É ASSIM E EM PORTUGAL? Les hôpitaux publics s’engagent à faciliter l’accès aux soins des patients handicapés

Les hôpitaux publics s’engagent à faciliter l’accès aux soins des patients handicapés

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C’est un pas dans la bonne direction. Réuni le 20 novembre 2013 à Paris, le Conseil d’administration de la Fédération hospitalière de France, qui regroupe les établissements hospitaliers publics, a décidé d’engager « un plan d’action ambitieux en faveur de l’accès aux soins des personnes handicapées ». « Le problème reste à régler, reconnaît-elle. Au-delà des obstacles géographiques, d’un rationnement par la file d’attente et des renoncements aux soins pour des raisons financières, on constate que les professionnels de santé n’ont pas tous été préparés à accueillir et à prendre en charge les personnes handicapées dans leurs spécificités. »


Sensibiliser et former le personnel 
La FHF s’engage donc à mobiliser l’ensemble de ses adhérents autour de trois axes : soutenir l’organisation d’actions d’information et de sensibilisation de l’ensemble des professionnels dans les établissements de santé ; inciter les établissements à inscrire la prise en charge et l’accompagnement des personnes handicapées dans les priorités de leurs plans de formation ; favoriser le développement de conventions de partenariat de proximité entre les établissements publics de santé et les établissements médico-sociaux. Aujourd’hui, selon la FHF, moins de 10 % de ces derniers disposent d’une convention avec les établissements de santé du territoire, alors même qu’elles sont obligatoires depuis la loi de 2005. Ce plan d'action n'a donc rien de bien révolutionnaire mais résonne comme une prise de conscience... tardive. Franck Seuret - Photo DR

L’OMS adopte un plan d’action pour améliorer l’état de santé des personnes handicapées

L’OMS adopte un plan d’action pour améliorer l’état de santé des personnes handicapées

23/05/2014

L’OMS adopte un plan d’action pour améliorer l’état de santé des personnes handicapées

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C’est une première pour l’Organisation mondiale de la santé. Son assemblée mondiale de la santé, l’organe décisionnel suprême de l’OMS, va adopter, ce 23 mai, un plan d’action mondial 2014-2021 pour « un meilleur état de santé pour toutes les personnes handicapées ». Il s’inscrit dans la lignée de la Conventionrelative aux droits des personnes handicapées, adoptée par les Nations Unies en 2006. Trois questions au Dr Étienne Krug, le directeur du département de l’OMS en charge du handicap et de la prévention de la violence et des traumatismes

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Fábrica dos sorrisos - Diário do Alentejo - On-Line

Diário do Alentejo - On-Line



23-05-2014 11:21:48

 Luís Miguel RIcardoCoordenador editorial


São Torpes, 10 de maio de 2014.
O dia estava quente, mas bulia uma nortada que agitava guarda--sóis, sacudia cabeleiras, beijava rostos e desassossegava um gentio trajado de amarelo com um dito cravado nas costas: “Não queremos saber se é difícil, queremos saber se é possível.”
À entrada do areal havia uma tenda grande, que também dançava a melodia do vento, e que tinha à entrada uma placa de madeira firme que a identificava como “A fábrica dos sorrisos”.
Dentro dela, à volta dela, atrás dela, à frente dela, havia quem sorrisse de apreensão, de incerteza, de receio, de vontade, de alegria e também havia quem não sorrisse.
Mas com o avançar da manhã, os operários dos sorrisos, os tais que trajavam maioritariamente de amarelo, começaram a laborar e a praia transformou-se num sorriso só.
Sorria o mar tranquilo, as ondas brincalhonas, o areal pachorrento, o sol imponente, as pranchas de surf impacientes, os fotógrafos atentos, os transeuntes curiosos, os monitores aplicados, os surfistas extasiados.
A fábrica dos sorrisos estava agora a produzir em pleno e a pôr em prática o seu primado de ação, alheando-se das dificuldades e possibilitando sensações singulares.
E guiada por esse lema, a fábrica conseguiu impregnar nos rostos e almas daqueles consumidores especiais (mobilidade reduzida e/ou défices cognitivos) sorrisos para a vida. Sorrisos eufóricos, na vertigem das ondas; sorrisos eternos, na calmaria da memória, sempre que a reminiscência os fizer regressar àquele dia, àquela manhã, àquela tarde, em que em cima de uma prancha, ao sabor do ritmo divertido das vagas, fintaram os agrilhões do destino e foram livres, e foram felizes, e foram sorrisos.    
“A fábrica dos sorrisos” é uma iniciativa promovida pela SURFaddict (Associação Portuguesa de Surf Adaptado) e que tem por objetivo proporcionar o contacto com a modalidade a pessoas com necessidades especiais. Os eventos realizam-se ao longo de toda a costa portuguesa, durante os meses de primavera e verão, e contam com a participação de dezenas de voluntários em cada dia de atividade (cerca de 60).
Depois de Portimão e São Torpes, seguem-se Peniche (junho), Figueira da Foz (agosto) e Carcavelos (setembro). As participações são gratuitas e os sorrisos são garantidos.

ARTISTAS COM UMA DEFICIÊNCIA TREINANDO - VEJA O ESPETÁCULO NO POSTE SEGUINTE

Espetáculo circense Belonging traz um elenco formado por artistas com deficiência



Artistas brasileiros e britânicos amputados, cadeirantes e com outros tipos de deficiência fazem parte do ousado espetáculo
Desde meados de 2013, o Circo Crescer e Viver e a Graeae Theatre Company vêm buscando desenvolver e consolidar uma metodologia de formação e qualificação em artes circenses voltada a artistas com deficiência física. Em novembro do mesmo ano,profissionais da companhia britânica vieram ao Brasil para participar de uma residência no Rio de Janeiro e começar o desenvolvimento de um espetáculo circense em conjunto com os brasileiros. O resultado dessa parceria será apresentado ao público agora, no Brasil e no Reino Unido.
Entiludado de "Belonging" (Pertencimento), o ousado espetáculo traz um elenco formado por artistas brasileiros e britânicos com deficiência e tem direção de Jenny Sealey (fundadora e diretora do Graeae) com co-direção de Vinicius Daumas (coordenador artístico do Circo Crescer e Viver). De acordo com a equipe de criação, a ideia é explorar “aquilo que nos conecta e também aquilo que nos divide enquanto pessoas”.
Para a bailarina e coreógrafa Viviane Macedo, a expectativa é grande já que o projeto reúne pessoas com diferentes deficiências em uma comunicação que acontece em quatro línguas: português, inglês e as linguagens de sinais brasileira e britânica. “A troca é fantástica. Enquanto aprendemos, ensinamos, e isso é o mais importante”, comenta.

Artistas brasileiros e britânicos amputados, cadeirantes e com outros tipos de deficiência fazem parte do ousado espetáculo

Origem:: http://turismoadaptado.wordpress.com/2014/05/23/espetaculo-circense-belonging-traz-um-elenco-formado-por-artistas-com-deficiencia/

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Maria Rita Kehl e Cybele G. Leal - Conferência Neurociências e Psicanáli...

Espanha elege primeira vereadora com trissomia 21




A cidade espanhola de Valladolid vai ter a primeira vereadora do país com trissomia 21.

Angela Bachiller, assistente administrativa, concorreu às últimas eleições na lista do Partido Popular (PP) e prepara-se para assumir funções.

Bachiller revelou que o seu objetivo é mostrar que a trissomia 21 não deve ser encarada como desvantagem. 

«[Fi-lo] para que todos se apercebam de que nós, pessoas com deficiência, podemos tudo e temos muita força de vontade», disse em entrevista à FEAPS - Confederação Espanhola de Organizações a favor das pessoas com Deficiência Intelectual ou de Desenvolvimento.

domingo, 18 de maio de 2014

Roupa versátil para corpos diversos ANA CRISTINA PEREIRA 18/05/2014 - 08:00 Público

Duas amigas lançaram uma empresa com linhas de roupas que podem ser usadas por qualquer pessoa, incluindo quem se desloca em cadeira de rodas.
Um novo conceito está prestes a chegar ao mercado: roupas inclusivas, isto é, roupas que podem ser usadas por pessoas com ou sem incapacidade física. A empresa que o está a lançar, IMOA, com sede em São João da Madeira, procura gente entre os 18 e os 80 anos que possa dar rosto às várias linhas.
Quis o acaso que Susana Rodrigues e Célia Moreira se conhecessem ao frequentar um curso de “coaching”, tão em voga nestes tempos em que a qualquer um parece dar jeito melhorar a performance. Nada parecia ligar estas mulheres que agora vemos dizer que não querem que alguém tenha de vestir um “saco de batatas” só porque está confinado a uma cadeira de rodas.
Susana Rodrigues conta 33 anos. Estudou Biologia. Chegou a iniciar carreira de investigação, mas não, não era no laboratório que encontrava alegria. A sua grande paixão era a moda. Decidiu segui-la. E quis fazer tudo como devia ser. Estudou consultadoria de imagem em França. Aprofundou alguns aspectos em Inglaterra e nos Estados Unidos. Estava a trabalhar nisso.
Célia Monteiro, 41 anos, estudou comunicação, fez pós-graduação em assessoria, trabalhou num canal de televisão, mas não lidava bem com o stress. Fez um mestrado em psicologia clínica. Sentia-se no sítio certo. Trabalhava com pessoas que estavam a reaprender a viver depois de terem sido apanhadas por algo tão perturbador como um acidente vascular cerebral ou um traumatismo crânio encefálico. Para trabalhar melhor, fez uma especialização em neuropsicologia.
Muitas daquelas pessoas tinham vidas activas, intensas. De um dia para o outro, ficaram em parte paralisadas. Para ninguém é fácil a adaptação à mudança. “Vemos isso quando uma pessoa se casa, quando se divorcia, quando tem filhos, quando perde alguém, quando tem de fazer um luto”, comenta ela.
Célia via o que sofriam enfermeiros e familiares para vestir alguns. E via o que sofriam os próprios doentes. Vestir um casaco pode ser tão penoso que alguns preferem passar frio. Há quem se recuse a sair de casa por não se sentir bem com nenhuma peça de roupa que tem no armário.
Falaram disso tudo quando se conheceram. O que é funcional não tem estilo. O que tem estilo é pouco funcional. Mas com pequenas alterações, roupas proibidas passam a roupas permitidas. E isso, explica Célia, ajuda os doentes a gostarem mais da sua imagem, a sentirem-se mais motivados para sair de casa.
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sábado, 17 de maio de 2014

Candidato do BE Jorge Falcato no 5 Minutos Europa



VEJA O VIDEO

Jorge Falcato, candidato nas listas do Bloco de Esquerda ao Parlamento Europeu, apresenta-se como um defensor dos direitos humanos e em particular junto dos deficientes. Para Jorge Falcato é urgente que as pessoas com deficiência, que vivem com baixos salários e pensões miseráveis, tenham acesso aos mesmos direitos que tem um outro cidadão comum. Jorge Falcato, ativista do Movimento Deficientes Indignados, pretende uma alteração na política aplicada aos deficientes e que a Europa, e em particular Portugal, cumpra as boas leis que já existem dando como exemplo a Convenção Internacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência das Nações Unidas que Portugal assinou e subscreveu como país da União Europeia.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Pessoas com deficiência com taxas bonificadas no crédito à habitação

Fotografia de capa


As pessoas com deficiência vão beneficiar de taxas de juro bonificadas no crédito à habitação. A decisão dependia da vontade dos bancos ,agora o regime passa a ser obrigatório.

O projeto lei foi ontem aprovado no parlamento , com o voto a favor de todos os partidos Ficam abrangidas todas as pessoas com deficiência, maiores de 18 anos e com grau de incapacidade de pelo menos 60%. O diploma deverá entrar em vigor dentro de seis meses. 

O PS anunciou que vai propôr a redução do prazo e o alargamento das condições das taxas bonificadas a famílias que tenham menores com deficiência.

Veja AQUI em video.

domingo, 11 de maio de 2014

Os primeiros braços bionicos vão ser vendidos nos EUA .A Breakthrough in Upper-Limb Prosthetics

Veiga Simão e a Educação Especial ANA MARIA BÉNARD DA COSTA 11/05/2014 - 01:23

Sobre a importância que a obra do ministro Veiga Simão representou para o desenvolvimento da Educação em Portugal muitos professores e pedagogos poderão falar muito melhor do que eu. No entanto, ao ler a notícia da sua morte, senti que poderia contribuir para a homenagem que nesta ocasião lhe está ser prestada, com um testemunho da acção que desempenhou na área da educação de alunos com deficiência.
Eu iniciei funções no Ministério da Educação, como coordenadora da recém-criada Divisão de Ensino Especial, em Junho de 1973. Tinha estado anteriormente no Ministério da Saúde e Assistência, que era o único departamento oficial que se ocupava da educação de alunos com deficiência e aí tinha tentado criar condições para a integração de crianças e jovens cegos em escolas regulares. Ao assumir as novas responsabilidades, deparei com uma tarefa de uma dimensão muito mais ampla, pois os objectivos propostos para aquela divisão estendiam-se a todo o tipo de alunos que enfrentassem barreiras de ordem física ou mental.
A minha primeira tarefa consistiu em elaborar um relatório da acção que, considerei, deveria ser realizada de modo a permitir que as crianças com deficiência visual, auditiva ou motora (muitas vezes com causas neurológicas) pudessem permanecer no seu ambiente familiar e frequentar as escolas da sua área de residência, não sendo obrigadas a ser internadas em instituições, tanto mais que a maioria das existentes eram de carácter fundamentalmente asilar.
Para que esse plano fosse viável, foi apresentada a necessidade de, previamente, se especializarem os professores que iriam realizar o indispensável apoio aos alunos a integrar e foi apresentada uma estratégia relativa à sua intervenção que garantisse a sua deslocação de escola para escola, numa acção itinerante, e que favorecesse a sua interacção e entreajuda. Essa estratégia consistiu na criação de “Equipas de Educação Especial”, baseadas em determinadas localidades e abrangendo uma área de cerca de 60 km de raio.
Propôs-se que, numa primeira fase, se formassem 60 professores que seriam distribuídos por seis equipas e pelos três tipos de deficiência referidos. Este plano implicava que se iniciasse um projecto, até aí inexistente em Portugal, e que se utilizassem verbas consideráveis para a execução das várias rubricas implicadas - formação dos professores (cursos de 15 meses, a tempo pleno) e sua deslocação, aquisição de material especial e acções de acompanhamento e formação contínua. Para além disso, era necessário que tivesse lugar uma intervenção nas escolas e nas salas de aula, realizada por profissionais externos e que o apoio fosse, quando necessário, extensível às famílias, a título domiciliário.
Há ainda a acentuar que não existia nenhum documento que constituísse um suporte legal a este conjunto de acções e não havia qualquer experiência no campo da integração de crianças surdas ou com problemas motores e neurológicos.
Lembro-me que, na altura, admiti que seria muito provável que esta proposta não fosse aceite ou que fossem exigidos, para uma tomada de decisão, numerosos pareceres prévios elaborados por diferentes grupos de trabalho. Foi assim, com espanto, que recebi o despacho assinado pelo Ministro Veiga Simão a autorizar tudo o que tinha sido proposto e que, nos tempos que se seguiram, fossem abertas as portas à enorme expansão daquelas equipas e à difusão da educação integrada no nosso país. Avançar naquele caminho representava, de facto, uma aposta e um risco que Veiga Simão aceitou tomar.
A adesão do sistema educativo a esta orientação viria certamente um dia a ser preconizada entre nós, quando fosse adoptada por muitos países e recomendada - como hoje é - pelos principais organismos internacionais. Mas sem a decisiva tomada de posição de Veiga Simão, Portugal não teria a posição pioneira que ocupou neste campo e muitas das crianças com deficiência que tiveram acesso às escolas perto das suas casas e tiveram a possibilidade de crescer nas suas comunidades teriam sido privadas desse direito que hoje é unanimemente reconhecido, como um dos fundamentais direitos humanos.
Escrevo este testemunho num momento em que as expectativas então criadas e as acções então iniciadas estão muito gravemente comprometidas e em que tantas crianças e jovens enfrentam inumeráveis obstáculos à sua inclusão educativa, o que é vivido dolorosamente por tantos pais, técnicos e professores.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

PORQUE TODOS OS POVOS SÃO NOSSOS IRMÃOS...

APF
Dans toute la France, l'APF se mobilise pour l'accessibilité !

Après avoir lancé une pétition pour dire OUI à l'accessibilité qui a récolté près de 190 000 signatures en quelques semaines, l'APF amplifie ce mouvement en organisant un grand rassemblement national, mardi 13 mai de 11h à 15h, place de la République à Paris : « Liberté - Égalité - Accessibilité : l'appel des 100 ! »

Ce rassemblement, c'est l'occasion de donner la parole à 100 représentants de l'APF, venus de toute la France pour témoigner de la colère des personnes en situation de handicap face au manque d'accessibilité et aux nouveaux délais annoncés.

Ce message est aussi porté par plus de 20 délégations départementales de l'APF partout en France. Découvrez la carte de la mobilisation en France !

Si vous ne pouvez pas prendre part à la manifestation, sachez que celle-ci sera retransmise en direct sur www.necoutezpasleslobbies.orget sur www.apf.asso.fr.
Suivez-nous le 13 !
Suivez dès le 13 Mai, 11 heures, le live de la manifestation et découvrez plus d'informations sur cette manifestation.
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Pour construire une société ouverte à tous, soutenez l'action de l'APF dans votre département.
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Minuto Acessível: Os INVISÍVEIS. Parabéns Fernando Cardoso

Minuto Acessível: Os INVISÍVEIS: Os Sem-Abrigo continuariam a ser "invisíveis" O dia 1 de maio está a chegar ao fim. Foi o dia do Trabalhador e é importante...(Post oportuno de Fernando Cardoso e a denúncia de como cada vez mais olhamos só para nós próprios...ou nem isso. Veja o texto e os videos, vale a pena).

terça-feira, 6 de maio de 2014

Onde estão os meus terapeutas? PARABÉNS À BRUNA SOARES, SUSA MONTEIRO E DIÁRIO DO ALENTEJO

Reportagem “Onde estão os meus terapeutas?” de jornalista do “Diário do Alentejo” distinguida no Prémio Dignitas

 


A cerimónia de entrega do Prémio Dignitas, galardão nacional de jornalismo atribuído pela Associação Portuguesa de Deficientes, com o patrocínio da MSD e o apoio da Escola Superior de Comunicação Social, aconteceu ontem, segunda-feira, dia 5, na Fundação Vieira da Silva, em Lisboa. 

A reportagem “Onde estão os meus terapeutas?”, da autoria de Bruna Soares, jornalista do “Diário do Alentejo”, publicada neste jornal no dia 1 de novembro de 2013, foi distinguida com uma menção honrosa. O trabalho do “Diário do Alentejo” foi o único galardoado a nível nacional na categoria de Imprensa Escrita. 

“Onde estão os meus terapeutas?” aborda o tema de quatro crianças (Rodrigo, Afonso, João e Alexandru) com Necessidades Educativas Especiais a frequentar o ensino regular. Retrata a reivindicação dos encarregados de educação a propósito da aprovação dos planos de ação e financiamento do Ministério da Educação, nomeadamente “a diminuição de horas de apoio terapêutico e a ausência de técnicos habitualmente colocados pelas escolas”. 

Para o Prémio Dignitas, “trata-se de uma reportagem que infelizmente denuncia a forma desastrosa como se iniciou o ano letivo por todo o País”, retratando, neste caso, o que se passou em Beja. E “reforça ainda a importâncias dos técnicos na educação destas crianças e conta o percurso de cada uma e a sua evolução com o apoio dos terapeutas”. 

Foram ainda galardoados os trabalhos “Despertares” (Prémio Dignitas), de Ana Leal, jornalista da TVI, “Hino ao Futebol” (Menção Honrosa Televisão), de Jaime Cravo, jornalista Sport TV, e “Pegar a Vida” (Prémio Digital), de João Ferreira, jornalista do Correio da Manhã.O

O TEXTO INTEGRAL
01-11-2013 9:29:45

Rodrigo, Afonso, João e Alexandru. Quatro crianças com Necessidades Educativas Especiais a frequentar o ensino regular. Mas são muitas mais na região. Os pais, garantem, apenas reivindicam aquilo que consideram ser legítimo: “Os apoios necessários à sua educação, os apoios a que têm direito”. Ou não fosse este o ano letivo mais difícil de que têm memória. 

Texto Bruna Soares Ilustração Susa Monteiro



Rodrigo Dores tem seis anos e uma distrofia muscular, que o inibe de falar fluentemente, que lhe reduz a visão e que até há bem pouco tempo não lhe permitia andar. É uma das crianças com Necessidades Educativas Especiais (NEE) integradas no ensino regular na região, mais propriamente em Beja. Uma criança exemplar e, sobretudo, com muita força de vontade. É assim que Albertina Guerreiro apresenta o seu filho. Acreditando que seriam estas as palavras que Rodrigo proferiria, caso fosse ele a autodefinir-se. 
Albertina enverga uma camisola cor-de- -rosa, vivo, de onde sobressaem letras escritas a marcador de tinta preta. Veste-a na esperança de que alguém compreenda o que sente. No bolso da camisola, a letras pequenas, sobressai: “Uma escola para todos é possível”. Já no peito, a letras garrafais, decifra-se: “Não chega a força de vontade. Precisamos de terapeutas”. Para ela, improvisou a camisola com o que tinha à mão. Já para o seu Rodrigo, como diz, mandou estampar uma com letras bem coloridas, onde pode ler-se: “Onde estão os meus terapeutas?”.
E a resposta para a pergunta de Rodrigo pode encontrar-se no facto de, neste ano letivo, a aprovação dos planos de ação e financiamento dos Centros de Recursos para a Inclusão (CRI), por parte do Ministério da Educação e da Ciência (MEC), terem sofrido um atraso. “A aprovação financeira, que normalmente acontece no início do mês de setembro, ocorreu no início de outubro, o que condicionou de forma muito significativa a colocação de técnicos nas escolas”, afirma Elsa Silvestre, responsável pelo CRI do Centro de Paralisia Cerebral de Beja (CPCB), que foi constituído há cinco anos, no âmbito da reorientação das Escolas de Ensino Especial. A pergunta de Rodrigo, porém, não se esgota por aqui. 
Existem ainda na área geográfica do CRI cinco unidades de apoio à multideficiência e uma unidade de ensino estruturado, que, em anos transatos, dispunham de técnicos contratados pelas escolas para apoio específico às mesmas, o que até agora não se verifica.
Recorde-se que este CRI tem como área de abrangência os concelhos de Beja, Cuba, Alvito, Vidigueira, Ferreira do Alentejo, Aljustrel e Serpa. Ou seja, em nove agrupamentos de escolas e no Externato António Sérgio, em Beringel. São os pais destes agrupamentos o rosto mais visível da indignação na região. “Isto passa-se aqui, mas está a ser igual em todo o lado, em toda a região, em todo o País. Somos nós e todos que estão indignados. Não é, assim, um problema exclusivamente nosso”, garante Albertina. 
O Rodrigo, “sabe”, diz, “não andava”. “Chegou à escola de Santiago Maior de cadeira de rodas. Teve o apoio de todos os terapeutas e evoluiu. Começou a andar, a levantar-se sozinho e isso foi uma alegria enorme. Progrediu como nunca e agora voltamos a desanimar-nos, porque o que recuperou está em risco de perder, por falta de técnicos”, explica. 
Com a ausência até agora de respostas nas escolas, os técnicos do CRI, nestes agrupamentos, estão a ser canalizados para suprimir essas necessidades, o que, por um lado, de acordo com Elsa Silvestre e Maria Emília Mateus, responsável pela intervenção precoce, “não permite equiparar em número de horas o apoio terapêutico prestado às unidades em anos letivos anteriores e, por outro lado, abranger a totalidade de alunos com NEE integrados nestes agrupamentos”. 
As técnicas resumem: “Embora em termos globais o CRI, para os agrupamentos dos concelhos da região acimas referidos, no presente ano letivo tenha um acréscimo do número de técnicos, mais 92 horas semanais, este acréscimo não irá permitir colmatar totalmente a ausência dos técnicos habitualmente colocados pelas escolas nas unidades (menos 193 horas semanais), o que irá refletir-se de forma negativa na resposta a todos os alunos com Necessidades Educativas Especiais”. Pois, em termos gerais, e comparativamente ao ano letivo transato, existem “menos 101 horas semanais de técnicos especializados (fisioterapeutas, terapeutas da fala, psicólogos e técnicos de educação especial e de reabilitação) ”. 
Albertina, tal como tantos outros pais, não se conforma. “Ele ter começado a andar foi melhor do que nos ter saído o Euromilhões. Não me posso conformar, não nos podemos conformar, estou disposta a tudo. Se Deus me deu o Rodrigo é porque achou que tinha capacidade para o criar, para fazer tudo por ele, e tenho de fazer. Um pai, uma mãe, quando veem um filho subir um degrau, já esperam poder vê-lo subir dois ou três. O meu marido está sempre a dizer--me: ‘enquanto há vida, há esperança’. E temos de a ter, por nós, mas sobretudo pelo Rodrigo”.  
Mas também as respostas do CRI aqui não são animadoras: “Relativamente à resposta de intervenção precoce, que enquadra crianças entre a faixa etária dos zero aos seis anos de idade, em risco de atraso grave no desenvolvimento ou com alterações ao nível das funções e estruturas do corpo, as respostas às suas necessidades são insuficientes”. Avançando ainda que “quanto às crianças na faixa etária dos três aos seis anos, com Necessidades Educativas Especiais, integradas nas unidades de apoio à multideficiência, que beneficiam de apoio através dos recursos dos agrupamentos, que até ao momento não estão colocados, encontram-se sem apoios específicos”. 
A escassos quilómetros de Beja, em Beringel, a manhã acorda soalheira. No pátio das escolas não se ouvem crianças, por estarem recolhidas nas salas de aula. Afonso Matos, oito anos, é portador de Trissomia 21 e frequenta uma dessas escolas. Dulce Matos, mãe de Afonso, aguarda pela hora de o ir buscar, no largo principal da vila, acompanhada por Fernanda Galvão, mãe de um colega de turma de Afonso. “O meu filho”, apressa-se Fernanda, “não tem Necessidades Educativas Especiais, mas como mãe, acho que estas crianças devem de ter todos os apoios e mais alguns. É onde não se deve poupar, nem em professores, nem em técnicos especializados. É muito benéfico para as crianças conviverem entre elas, é muito benéfico para todas as crianças estarem integradas no ensino regular. Ganhamos todos, portanto. E estamos cá para o que for preciso”.     
Quase à mesma hora, e ainda com o sol a brilhar, e voltando a Beja, fechava-se a cadeado a Escola Secundária Diogo de Gouveia, por falta de intérpretes de língua gestual em número suficiente, o que, segundo os pais e os muitos alunos que se associaram à manifestação, “está a prejudicar dois alunos”, que partilham a intérprete, a única colocada pelo MEC, e em escolas diferentes, que quando está com um aluno, não pode prestar apoio ao outro.
“Isto é um protesto de solidariedade com os nossos colegas. Não podem estar na sala de aula sem perceber a matéria que está a ser dada. Têm de estar integrados”, disse um dos alunos presentes. E “daqui não saímos, daqui ninguém nos tira”, ouvia-se em uníssono. 
A secretaria de Estado informou, anteriormente, que, relativamente a esta questão, no que diz respeito à colocação de mais intérpretes, “o rácio é de um para seis alunos com necessidades especiais”. Uma resposta “absurda”, dizem os que se associaram ao fecho da escola a cadeado.
Voltando a Beringel e, inevitavelmente ao Afonso, os ponteiros avançam no relógio e Dulce continua à espera da hora de ir buscar o filho. “Fazemos a nossa vida muito em função do Afonso. Queremos que tenha o melhor acompanhamento possível e, embora já estejam colocados técnicos, este ano a resposta não é a mesma do ano passado. O Afonso e todas as outras crianças têm menos horas dedicadas a elas. Têm o que foi possível”, relata. 
Dulce abriga-se do sol que a encandeia e, com um sorriso largo, descreve o Afonso. “Não é por ser meu filho, mas é uma criança muito sociável. É muito amorudo”.  
O CRI da CPCB, em plano de ação, referenciou “331 alunos”, estando previsto apoio a “173 alunos (52 por cento dos alunos referenciados)”, segundo as técnicas, “ainda que não com o número de horas de apoio inicialmente previstas”. 
Os técnicos deste CRI iniciaram apoios efetivos em contexto escolar no início desta semana. São estes técnicos que estão a dar apoio a Afonso. “Só agora o meu filho está a ter apoio direcionado para ele, e o ano letivo, o primeiro período, a bem dizer, já vai a meio. Tem sido um ano muito difícil para todas estas crianças, para todos os pais”, argumenta Dulce Matos.
Regressando a Beja, numa manhã igual a tantas outras, por poucas novidades ainda existirem no que a esta matéria diz respeito, Sofia Monteiro, mãe de João Guerreiro, sete anos, portador de uma doença rara, Síndrome Dravet, senta-se para explicar o ponto da situação. “Infelizmente as novidades não têm sido tantas quanto aquelas que temos reivindicado. A resposta que há é muito, muito insuficiente para as necessidades que estão detetadas, estudadas e até para as reivindicações dos pais e da própria escola. As crianças têm direito a estar na escola e para estarem na escola precisam de reunir um conjunto de condições para que possam fazer as suas aprendizagens. Condições, estas, que implicam terem professores de ensino especial, técnicos de apoio em diversas áreas e pessoal auxiliar ”, avança Sofia Monteiro. 
João Guerreiro foi um dos rostos das crianças com Necessidades Educativas Especiais que caiu na caixa de correio eletrónico do chefe de gabinete do ministro da Educação e Ciência. Foi o recado número 96, reagindo às afirmações do ministro da Educação, Nuno Crato, que disse, para contestar a existência de turmas com número excessivo de alunos, que as crianças com NEE estavam inscritas por uma questão administrativa, porque não vão às salas de aula. 
“Por exemplo, na turma do João há duas crianças com NEE. O João tem currículo específico que diz que não deve estar numa turma com mais de 20 crianças e esta turma tem 22 crianças”, explica Sofia Monteiro. E acrescenta: “A nossa grande preocupação neste momento não é que não venham a existir respostas, porque acreditamos que se pressionarmos hão de haver. O problema é que o tempo está a passar. As respostas que nos dão agora fariam sentido se estivéssemos em agosto, mas neste momento já estamos em pleno funcionamento do ano letivo. O primeiro período está a chegar ao fim, as crianças não fizeram aprendizagens, estão por conta própria e o processo de desenvolvimento delas está comprometido. Não nos podemos conformar, jamais, porque nós sabemos reconhecer quando existiram boas práticas, e no ano letivo passado isso aconteceu”.
Recorde-se que o ministro da Educação, Nuno Crato, manifestou, recentemente, numa audição na Comissão Parlamentar de Educação, Ciência, e Cultura, “total disponibilidade para falar com as associações representativas dos alunos com NEE e para rever a legislação”. E anunciou ainda um reforço financeiro para os Centros de Recursos para a Inclusão, que os pais acreditam “não ser suficiente, porque as escolas não estão a contratar técnicos”. E desanimam-se. “Não recebemos também respostas às nossas cartas”, argumentam. 
“O João é uma criança muito curiosa, dócil, tem muita energia, gosta muito de estar entre os seus pares, tem muita curiosidade relativamente às outras crianças e a integração na escola sempre ajudou muito a modelar os comportamentos certos. Em termos de terapia ele reage muito melhor em grupo, daí também nós reivindicarmos tanto que estes apoios sejam dados na escola e com as outras crianças”, conclui Sofia Monteiro.
“As preocupações dos pais são legítimas, sendo esta também uma preocupação partilhada pela instituição (CPCB), que tem como missão prestar apoio a crianças nos diferentes contextos em que se inserem (escola, família e comunidades) e que neste momento não conseguem dispor dos recursos humanos considerados adequados para o efeito”, consideram as técnicas, Elsa Silvestre e Maria Emília Mateus.
Outro dos alunos que necessita de Necessidades Educativas Especiais é Alexandru Negirneac, sete anos, portador de uma doença rara, Síndrome de West. O taxista já conhece o caminho para o monte, perto de Baleizão, onde reside o aluno, de olhos fechados. Praticamente todos os dias percorre a estrada de terra batida. A bordo segue o pequeno Alexandru e a sua mãe, Ângela Machidon, que não pode trabalhar para estar disponível para o filho. “Temos este transporte que nos traz. O Alexandru fica na escola e eu entretenho-me como posso à espera que ele saía novamente da escola, por volta das 15 horas”, conta num português ainda com sotaque de leste. 
Esperam, ela, o Alexandru, o seu outro filho e o marido, por uma casa social, para que “as coisas, nestes aspeto, ao menos, se facilitem”. 
“O Alexandru, nesta semana, já recebeu o apoio do CRI, mas com poucas horas. Só tem duas horas por semana de fisioterapia. Não tem o apoio suficiente. É muito menos do que o ano passado”, conta a mãe. 
Alexandru não anda. “Tudo começou tarde de mais para o meu filho este ano. Durante estes dois meses tem estado na escola sem fazer nada. Já tinha alguns progressos anteriormente. O quadro clínico do Alexandru também começou a mudar. Não tem sido nada fácil para nós. Como é que hei de lhe dizer? O Alexandru está a ficar pior”, conta Ângela, faltando-lhe várias palavras da língua portuguesa para se exprimir melhor.
“É inaceitável o contínuo desrespeito pelos alunos com NEE e as suas famílias, como é inaceitável o desrespeito pelos docentes e não docentes que apoiam estes alunos”, considera, por sua vez, Manuel Nobre, presidente da direção do Sindicato de Professores da Zona Sul. E acrescenta: “O Ministério da Educação faz isto escondendo-se atrás de uma falsa autonomia das escolas, porque a grande maioria abriu o ano letivo não com o que estava previsto, de acordo com o levantamento das necessidades da escola, mas com as regras que o ministério impôs, indeferindo desdobramento de turmas e colocação de mais docentes da Educação Especial e outros técnicos essenciais à verdadeira inclusão de alunos com NEE”. 
A Direção Regional de Educação do Alentejo também foi contactada, mas não foi possível, até ao fecho desta edição, obter uma resposta. 
“Quando começaram os cortes, em todo o lado, previ que nada de bom poderia acontecer”, diz Ângela, sem esboçar um único sorriso, como se a vontade de rir tivesse ido, por a mesma altura que chegaram as dificuldades. “Estamos à espera. Da casa, dos apoios para o Alexandru. Estamos à espera. E fazer o quê? Que podemos fazer mais? Não sei, não sabemos. É o nosso menino, o nosso menino”. 
Alexandru, com sete anos, só diz uma única palavra: “Mama”. E, nesse momento, o coração, a face de Ângela, sorri imensamente. “Mama, mama”