segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Beja já tem finalmente psiquiatras em número suficiente - Público

As atenções estão agora viradas para a falta de segurança que o novo edifício do departamento de psiquiatria apresenta e que retarda a sua entrada em funcionamento.
O que era considerado impossível, aconteceu. A administração do Hospital José Joaquim Fernandes, em Beja conseguiu contratar seis psiquiatras. O último elemento do corpo clínico programado para o serviço de psiquiatria, uma médica espanhola, assinou o contrato na passada terça-feira para entrar em funções nesta sexta-feira. A informação foi prestada ao PÚBLICO por José Gaspar, vogal do conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA).
A promessa assumida pelo ministro da Saúde, Paulo Macedo, em Novembro de 2013 ao deputado comunista João Ramos, e que dificilmente se acreditava que fosse concretizada, está cumprida. Seis psiquiatras passaram a fazer parte do corpo clínico do serviço de psiquiatria da ULSBA.
Com a contratação deste número de especialistas fica garantido o funcionamento do serviço de internamento com 17 camas e dos gabinetes de consulta e urgência psiquiátrica para adultos e crianças de todo o distrito de Beja, onde foi aplicado um investimento de três milhões de euros.
Superadas as crónicas dificuldades de contratação de psiquiatras para o Baixo Alentejo, a administração da ULSBA está agora confrontada com a falta de condições de segurança que o novo edifício apresenta.   
“Esteticamente a sua concepção é interessante. Só que se esqueceram de coisas elementares e fundamentais” para a segurança dos internados, realçou o administrador da ULSBA. O novo departamento de psiquiatria instalado na ala norte do Hospital de Beja tem demasiadas paredes de vidro e um terraço que foi projectado como zona de lazer e de convívio dos doentes. Paredes de vidro que não são resistentes e uma parede com um metro e meio de altura apresentam-se como “um convite para os saltos” de um tipo de doentes cuja apetência para o suicídio é óbvia, observa José Gaspar.
O Programa Nacional de Saúde Mental referente a 2014 continua a destacar o Alentejo como a região com a taxa “mais alta de suicídio em Portugal”, tanto nos homens como nas mulheres. O documento refere ainda que a proporção maior de doentes com registo de demência e de perturbações de ansiedade “encontra-se na região do Alentejo”.
Daí a urgência em ter especialistas em saúde mental na região. Mas só agora, e pela primeira vez na sua história, é que o serviço de psiquiatria do hospital de Beja tem o corpo clínico completo. Mesmo assim, a entrada em funcionamento do serviço de internamento continuará adiada até que seja possível conciliar as alterações necessárias para garantir a segurança dos doentes com os direitos de autor do projectista, o que “não tem sido fácil superar” reconhece José Gaspar.  
O administrador destaca no processo de recrutamento dos psiquiatras “o empenho directo do ministro da Saúde, Paulo Macedo e dos responsáveis dos hospitais de Lisboa que facilitaram a contratação de psiquiatras para Beja”. A acção de Álvaro de Carvalho, director do Programa Nacional para a Saúde Mental, também foi determinante para desatar o nó górdio que sempre dificultou a deslocação de especialistas para o hospital de Beja.
Em Novembro de 2013, no decorrer do debate sobre o Orçamento de Estado para 2014, o deputado do PCP João Ramos, interpelou o ministro da Saúde, Paulo Macedo sobre os sucessivos adiamentos na entrada em funcionamento do serviço de psiquiatria, instalada na Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo, cuja construção ficou concluída em 2011 mas que não abria por falta de psiquiatras.
João Ramos perguntou a Paulo Macedo se seria, finalmente, em 2014, que o Governo se decidiria pela abertura da unidade de internamento, revelando que para servir os utentes do distrito de Beja existia apenas um psiquiatra reformado e outro que prestava serviço durante 16 horas semanais. 
O ministro não fugiu à questão e disse: “Senhor deputado. Eu dou-lhe razão”. “Não é compreensível” a realidade da saúde mental no distrito de Beja quando “há um excesso de psiquiatras no hospital de Santa Maria e não se consegue colocar dois psiquiatras no hospital do Baixo Alentejo”. Ficou a promessa que o problema “seria resolvido em 2014” para prestar o apoio necessário à população e “tirar partido” das boas instalações que existem no Hospital de Beja, salientou então o governante. E a promessa está cumprida. O próximo objectivo, explicou José Gaspar é alargar as consultas de psiquiatria aos centros de saúde da região. ver aqui

Sem comentários:

Enviar um comentário