No Monte da Caparica, na margem Sul do Tejo em Lisboa, há um mestre de karaté que dá aulas a alunos com deficiência. Chama-se José Chagas, mestre naquela modalidade há mais de 25 anos.
"Ele é um herói. Gosto mesmo muito dele. É uma pessoa muito simpática. Adoro aprender karaté com ele." A afirmação é feita por Mafalda ao Correio da Manhã. A dificuldade de locomoção contrasta com o sorriso da aluna, uma dos 15 jovens, entre os 16 e 30 anos, que tem aulas com José Chagas no Externato Zazzo.
Entre os vários problemas de saúde, são realidades neste estabelecimento de ensino alunos com autismo, paralisia cerebral, trissomia 21 e deficiência motora.
As paredes são nuas e frias. Os rostos de alegria contrastam com a escuridão dos 50 metros quadrados onde os miúdos treinam. A iluminação é improvisada por seis pequenas janelas junto ao teto.
Inserção social
José Chagas é o principal protagonista. Para ele, é apenas mais um dia que chega. Pai de duas filhas, reside no concelho de Almada. Aceitou dar aulas de karaté a pessoas com deficiência há já dois anos.
Mestre da modalidade há mais de 25 anos, é um dos principais membros da KPS (Karate-do Portugal Shotokan), uma das organizações da modalidade em Portugal. Chagas diz que as aulas são "mais do que um treino". "Aqui, ensino a modalidade de karaté de igual forma à que ensino às pessoas ditas 'normais'", afirma.
A arte é transmitida aos alunos com uma perspetiva de inserção social e de modo a melhorar as capacidades psicológicas.
Foi a KPS que proporcionou um dos melhores momentos na vida aos jovens alunos do Externato Zazzo: a presença no Europeu de karaté realizado no MEO Arena, em fevereiro.
"Foi incrível. Tantas pessoas a olharem para nós. Não conseguíamos ver as bancadas de tantos flashs que existiam e de tanta alegria que sentíamos. O nosso mestre acabou por chorar também. Foi o melhor momento da minha vida", confessou Mafalda.
Casos de sucesso
Durante a aula a que o CM assistiu, José Chagas foi um homem inconformado, sempre disposto a melhorar qualquer detalhe na aprendizagem dos jovens atletas. "Dar aulas a pessoas com mobilidade reduzida tem sido um desafio na carreira e vida pessoal", sublinha.
"Temos uma aluna que é a Sara e que no início das sessões não conseguia esticar o braço mais de 30 centímetros. Agora, consegue fazer movimentos a 100 por cento", revela Chagas.
"A Helena também era outra rapariga que, quando entrou, tinha bastantes dificuldades de entender o que eu lhe dizia. Agora, já nos entendemos perfeitamente", refere o mestre.
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