domingo, 26 de outubro de 2014

MAIS PRECARIDADE E INSEGURANÇA NUM SECTOR TÂO SENSÍVEL

As regras propostas para a profissão de ama

02.10.2014 - 09:22
O parlamento discute, esta quinta-feira, as condições de acesso à profissão de ama e o exercício da respetiva atividade, através de proposta de lei do Governo, mas também de projeto de lei da autoria do Partido Comunista Português.
O debate está marcado para as 15 horas e, no centro da discussão, vão estar as alterações que o Governo pretende introduzir nas regras de acesso à profissão de ama e que passam pela liberalização desta atividade.
A proposta do Governo prevê que as amas sejam obrigadas a ter formação inicial e contínua, só podendo exercer a atividade com autorização do Instituto da Segurança Social.
As amas deixam, assim, de ter vínculo contratual com o Instituto da Segurança Social (ISS), passando a ser trabalhadoras independentes.
Quem estiver interessado em aceder à atividade de ama tem defrequentar, "com aproveitamento", um curso de formação inicial,exceção feita para quem prove "ter experiência no cuidado de crianças há, pelo menos, um ano" ou tenha formação de educadora de infância ou puericultura.
Além desta formação inicial, é exigido que todos os profissionais tenham formação de cinco em cinco anos.
Quem exercer a atividade sem autorização da Segurança Social fica sujeito a coimas que podem variar entre os 935 euros e os 3740 euros.
Na vontade do Governo, a falta de instalações adequadas, as deficientes condições de higiene e segurança, inexistência ou inadequação do equipamento e materiais indispensáveis à permanência das crianças e o excesso do número de criançastambém constituem contraordenações puníveis com coimas entre os 374 euros e os 1870 euros.
Como critérios para desempenhar a atividade, o Governo estabeleceu, entre outros, que a pessoa tenha 21 ou mais anos, a escolaridade obrigatória, estabilidade sociofamiliar e demonstre "capacidade afetiva, equilíbrio emocional e motivação para ser ama".
Para exercer a profissão, a ama tem ainda de ter uma habitação com "condições de higiene e de segurança adequadas" e "espaços autonomizáveis que possibilitem a realização de atividades lúdicas e o descanso das crianças", segundo as respetivas idades.
O número de crianças a fixar por ama é determinado em função das condições pessoais, familiares e habitacionais da ama, mas não pode exceder o limite de quatro crianças.
Não pode ser acolhida, em simultâneo, mais do que uma criança com deficiência.
A proposta do Governo levou entretanto a Associação dos Profissionais no Regime de Amas a acusar o Executivo de querer "descartar as profissionais" que trabalham diretamente para a Segurança Social e criar um "regime de precariedade absoluta".

Em Portugal falta reconhecimento profissional às pessoas que intervém na reabilitação das deficiências auditivas



Em Portugal falta reconhecimento profissional às pessoas que intervém na reabilitação das deficiências auditivas

No dia 10 de Outubro, comemorou-se o Dia Mundial do Audiologista. Este profissional de saúde intervém no diagnóstico e reabilitação da deficiência auditiva. Sendo um profissional altamente especializado julgar-se-ia que poderia ter mais reconhecimento profissional por parte dos órgãos de soberania do país. Mas olhando a forma como esta deficiência é tratada pelos decisores políticos e financeiros do país, não é de admirar que este profissional seja mais um num pesado e desmotivante sistema de saúde nacional. Parca é a ajuda do Estado na aquisição de sistemas auditivos; quando o faz, por ajudas técnicas, frequentemente privilegia o baixo custo em detrimento da adequabilidade à deficiência auditiva do paciente. Alguns equipamentos são considerados artigos de luxo e portanto menos acessíveis, não sendo valorizados os efeitos do seu uso a longo prazo. Tome-se o caso dos sistemas de apoio à escuta para crianças com surdez em idade escolar. De uso obrigatório nas escolas dos países do Norte da Europa, são uma raridade em Portugal. Estes sistemas potenciam os benefícios obtidos com os aparelhos auditivos na sala de aula, permitindo uma melhor instrução e por conseguinte melhor literacia destes indivíduos. Resultaria na formação e integração de profissionais mais qualificados e mais válidos para o mercado laboral, com todos os benefícios daí inerentes. A melhor gestão destes recursos poderia passar pela otimização dos centros de excelência para a deficiência auditiva, com atribuição de verbas e responsabilidades na aquisição destes equipamentos, bem como a implementação de uma base de dados nacional evitando duplicações de atribuições de ajudas técnicas. Os reduzidos recursos económicos disponibilizados pelo Estado seriam canalizados para pessoas verdadeiramente mais necessitadas.
Ao consultar os únicos dados disponíveis que datam dos Censos de 2001 verifica-se que cerca de 70% dos indivíduos portadores de deficiência auditiva não possuem rendimentos próprios nem grau de incapacidade atribuído. A inclusão do audiologista em equipas de avaliação poderia melhorar a análise destes indivíduos na atribuição de um grau de incapacidade adequado às suas dificuldades.
A Associação Portuguesa de Audiologistas deseja aproveitar esta data para alertar para a necessidade de rentabilizar o grande investimento efetuado pelo país na formação destes profissionais, relembrando que não existe no Plano Nacional de Saúde a obrigatoriedade de se efetuar o rastreio auditivo neonatal, pré- -escolar ou escolar. Este último é realizado em consultas de surdez escolar ou por equipas de intervenção precoce, qualquer delas não incluindo um audiologista. Por fim, alerta-se para a necessidade de criar uma rede de referenciação eficaz que dê resposta aos indivíduos identificados com deficiência auditiva e seus familiares, agilizando uma intervenção técnica adequada e atempada que potencie as capacidades do indivíduo, promovendo a sua integração familiar, académica e socio-profissional.
Presidente da Associação Portuguesa de Audiologistas

sábado, 25 de outubro de 2014

Brasileiro cria parque acessível para crianças com deficiência física

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Vivemos num mundo cada vez mais pulverizado, separado por nichos e grupos que só nos distanciam ainda mais do conceito de sociedade. A necessidade de identificação e acolhimento fazem com que surjam diversas categorias e rótulos entre os “tipos” de seres humanos, sejam eles gays, negros, cadeirantes, deficientes mentais e outros.
Com isso, são criados diversos projetos de inclusão, mas, para o analista financeiro Rodolfo Henrique Fischer, conhecido por Rudi, o termo é mal aplicado. Segundo ele, a palavra “incluir” já parte automaticamente de que algo ou alguém está excluído.
Ele é o responsável pela criação da primeira unidade do Alpapato (Anna Laura Parques para Todos), primeiro parque direcionado à crianças com dificuldades físicas no Brasil, situado na AACD do Parque da Mooca, em São Paulo. São, ao todo, 15 brinquedos adaptados, ideais para a recuperação das crianças e seu desenvolvimento lúdico, sem excluí-las dos aparatos convencionais, como escorregador, trepa-trepa, cama elástica e balanços.

alpapato

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sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Museu do Piauí lança exposição sensitiva para deficientes e público geral


Vendado, turista toca objeto, como proposta para conhecer as dificuldades enfrentadas por pessoas com deficiência visual

Vendado, turista toca objeto, como proposta para conhecer as dificuldades enfrentadas por pessoas com deficiência visual
A exposição “A Forma das Sensações”, voltada às pessoas que possuem deficiência visual, foi realizada no Museu do Piauí. A iniciativa fez parte do evento Primavera dos Museus que este ano teve como tema “Museus criativos”. Além de proporcionar acessibilidade, a mostra permitiu a toda população conhecer as peças através do toque.
A proposta foi fazer com que a população de forma geral tenha a mesma experiência. “O mais interessante é que as pessoas ditas normais poderão conhecer um pouco do mundo dos que possuem deficiência visual. A orientação é que todos façam o percurso de olhos vendados, para que possam sentir e enxergar com os olhos da alma”, contou a diretora do museu, Dora Medeiros.
Para o jornalista Lívio Galeno a experiência o fez perceber que ainda é necessário avançar na promoção da acessibilidade. "Foi bom sentir na pele, sair da zona de conforto, e saber como os outros se sentem. Também deu pra perceber que o poder público precisa promover mais ações nesse sentido", afirmou.
Esse sentimento é algo que a diretora do Museu, Dora Medeiros, também compartilha. “Queremos que as pessoas com todos os tipos de deficiência possam ter acesso ao acervo que conta a história do nosso povo e a exposição chama a atenção para a necessidade de adaptação do museu”, ressaltou.
Para o presidente da Associação dos Cegos do Piauí (Acep), Aluísio Carvalho, a iniciativa será capaz de quebrar paradigmas. “É um projeto pioneiro que além de possibilitar que as pessoas com deficiência conheçam melhor o museu, traz a inclusão social desse público, que passa a ter acesso ao patrimônio que durante décadas permaneceu inacessível às PCDs. Para nós, deficientes visuais, é uma vitória que abraçamos com muita alegria”, celebrou.
ver aqui

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Cia. Ballet de Cegos Fernanda Bianchini fará espetáculo em homenagem ao Dia das Crianças

(D)Eficiente



Para comemorar o Dia das Crianças, a Cia. Ballet de Cegos Fernanda Bianchini fará uma apresentação diferente. 

Com ingressos a R$ 10, a única companhia profissional de bailarinos cegos do mundo se apresentará no Teatro Ítalo Brasileiro, em São Paulo,no dia 12 de outubro, às 18h.

Com algumas coreografias novas dos espetáculos já consagrados como ‘Corsário’ e ‘Paquitas’, a apresentação também contará com outras coreografias livres.

Os ingressos poderão ser adquiridos a partir da semana que vem na Associação de Balé e Artes para Cegos Fernanda Bianchini ou na bilheteria do teatro somente no dia da apresentação.

Os bailarinos da companhia são, em sua maioria, cegos; outros apresentam algum tipo de deficiência, e uma minoria não tem deficiência alguma. Essa interação Fernanda Bianchini, idealizadora da cia. de Ballet para Cegos, chama de inclusão às avessas.

“Este espetáculo vai encantar crianças e adultos. E será mais emocionante para nós por ser no Dia das Crianças. Muitos bailarinos são crianças deficientes que mostram que tudo é possível”, afirma Fernanda.

Há mais de 18 anos ensinando e inserindo pessoas com deficiência visual na prática de ballet clássico, entre outros estilos de dança, Fernanda, especializada em distúrbios do desenvolvimento, dedica-se a tornar a vida de seus estudantes ainda melhor e mostrar o quanto são capazes.

Fonte: Vida Mais Livre ver aqui

EXPOSIÇÃO CIDADE ACESSÍVEL

estacionamento

Paragem de autocarro

A Praça

A Escola

Release
Exposição Cidade Acessível: um desafio aos sentidos
A palavra cidade é coletivo de cidadão. Mas será que todos têm seus direitos de cidadania respeitados na cidade? Um idoso, um cadeirante ou uma mãe com carrinho de criança podem andar sem problemas pelas calçadas? Uma pessoa com baixa visão ou cega pode atravessar as ruas e pegar ônibus com segurança? A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) ou os textos em Comunicação Alternativa estão disponíveis nos principais museus da cidade, para que qualquer surdo ou portador de alguma deficiência intelectual possa ter acesso às informações das obras expostas?
De 22 de outubro a 21 de dezembro de 2014, na Casa da Ciência da UFRJ, a exposição Cidade Acessível convida a vivenciar situações cotidianas que nos desafiam a pensar uma cidade para todos. A se colocar, na prática, no lugar do outro, desenvolvendo uma experiência por vezes inédita, a partir do caminhar, do cheirar, do tocar, do ver, ouvir e sentir.


Será possível andar pela Cidade Acessível com venda nos olhos, abafadores de som, cadeiras de rodas, com pesos adicionais nos braços e pernas, entre outros desafios que nos aproximam daqueles vivenciados por cegos, surdos, cadeirantes ou idosos, por exemplo. Conferir tecnologias como o DosVox, que já estão disponíveis para dar acesso à internet a cegos, ou videoguias em LIBRAS para surdos. Assistir a depoimentos significativos especialmente filmados para a exposição e participar de debates em mesas-redondas e de oficinas para educadores programadas paralelamente.

A Folguedo e a Casa da Ciência da UFRJ, responsáveis, respectivamente, pela realização e co-realização do evento, buscam instigar a interpretação imaginativa, sensorial e reflexiva nas diversas possibilidades de leituras que a exposição oferece. Amplia-se, assim, o conceito de acessibilidade em favor de um verdadeiro exercício de autonomia e questiona-se a noção de inclusão como uma benesse social. A Unimed-Rio, patrocina o projeto por acreditar na relevância desse processo de afirmação de direitos.
Passamos a ficar mais atentos à superação das barreiras que nos segregam pelas diferenças, que constrangem o convívio ao reforçar preconceitos, ações que ferem os pressupostos da acessibilidade atitudinal, sendo impeditivas do exercício de uma cidadania plena e contrárias a uma concepção democrática de sociedade.
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PLATAFORMA GULBENKIAN PARA A SAÚDE MENTAL GLOBAL 6 e 7 novembro Auditório 2 Mind Rights Film Festival Uma seleção internacional de 22 curtas-metragens sobre Saúde Mental vai ser exibida no Mind Rights Film Festival, no âmbito de um fórum internacional sobre os direitos das crianças com doença mental. Entrada livre.



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Comunicado de imprensa - Inclusion Europe lança website em modelos práticos de tomada de decisão apoiada

Inclusion Europe | Info Unit <information@inclusion-europe.org>23 de Outubro de 2014 às 13:56
Para: cidadeinclusiva@gmail.com
Inclusão Europa
A Associação Europeia das Sociedades de
Pessoas com Deficiência Intelectual e suas Famílias


Todas as pessoas têm o direito de tomar suas próprias decisões

Inclusion Europe lança website em modelos práticos de tomada de decisão apoiada
 
Ser capaz de tomar decisões e sentir-se responsável por eles é fundamental para a auto-estima, e fundamental na forma como as pessoas percebem sua qualidade de vida. Não é à toa que a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CRPD ONU), prevê no artigo 12 que todas as pessoas com deficiência devem "têm capacidade legal em igualdade de condições com os outros em todos os aspectos da vida."
A maioria das pessoas com deficiência intelectual na Europa são, no entanto, negou esse direito. Como Prof. Theresia Degener, Vice-Presidente da Comissão Convenção da ONU encarregado de supervisionar a implementação do tratado, disse: "Temos ainda de encontrar um país que implementou integralmente o direito de ter e exercer plena capacidade jurídica". Enquanto todos os Estados membros da União Europeia assinaram a CDPD, e todos, mas três a ratificaram, a maioria ainda impedem as pessoas com deficiência intelectual de tomar decisões, rotulando-os como "incompetentes" ou "incapaz" de fazê-lo. Guardiões são assim designados para tomar decisões em nome da pessoa particular, deixando-o sem controle sobre sua vida, e nenhuma voz nas questões que lhes dizem respeito.
Como um defensor firme pela igualdade de direitos para as pessoas com deficiência intelectual, Inclusion Europe lançou o site do Escolhas. Disponível em www.right-se decide.eu , Choices apresenta uma gama de modelos de tomada de decisão suportados para pessoas com deficiência intelectual e outros, em uma tentativa de oferecer alternativas sustentáveis, confiáveis ​​e CRPD compatíveis com a tutela. Como as diferentes práticas apresentados mostram, de apoio pode ser formal e informal e podem variar em tipo e intensidade. Para uma pessoa com uma deficiência intelectual, apoio pode incluir o fornecimento de informações em linguagem simples e fácil de ler, explicar ou tentar diferentes opções, ou, em alguns casos, articulando uma opinião baseada em um profundo conhecimento da vontade e desejos de um particular, individual, que decorre de uma relação de confiança de longa duração.
Embora existam muitas boas práticas disponíveis que podem ajudá suportados tomada de decisão, são muitas vezes dispersas e difíceis de encontrar. Escolhas, portanto, reúne e analisa a riqueza de recursos, tornando mais fácil para o leitor a encontrar as informações que precisam, seja por escolha a área relevante da vida do modelo seria relevante, ou o tipo de apoio necessário.
Aplicação do artigo 12 da CDPD exige uma mudança de paradigma no sentido de uma abordagem de direitos humanos a capacidade jurídica. Choices prova de que os modelos de tomada de decisões apoiadas eficientes poderiam ser construídos com base em práticas já existentes. Como um quadro que reconhece que todas as pessoas tomam decisões com apoio, orientação ou ajuda de outras pessoas, com o apoio de tomada de decisão deve-se a norma em todos os Estados europeus.
Para mais informações, entre em contato com Silvana Enculescu, Inclusion Europe Oficial de Comunicação, em s.enculescu@inclusion-europe.org

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Número de crianças em instituições em Portugal "é uma anomalia sem paralelo na Europa" - Público ANA DIAS CORDEIRO 21/10/2014 - 18:02

Por ocasião do 25º aniversário da Convenção dos Direitos da Criança,procuradores, psicólogos, médicos e especialistas de várias áreas estiveram reunidos numa conferência dedicada ao tema Os Direitos da Criança - Prioridade para quando? que terminou esta terça-feira em Lisboa.

Em Portugal, das 8500 crianças retiradas das suas famílias, 8142 estão institucionalizadas. Estes já eram números conhecidos, referentes a 2013 e incluídos no Relatório CASA de Caracterização Anual da Situação de Acolhimento das Crianças e Jovens, da Segurança Social e do Instituto de Segurança Social, que foi publicado em Abril. Mas na Conferência Os Direitos da Criança – Prioridade para quando? organizada em Lisboa pelo Instituto de Apoio à Criança (IAC) foram apresentados numa perspectiva comparativa.
Assim se concluiu que Portugal está no topo dos países da Europa Ocidental, se se considerar a proporção de crianças institucionalizadas. Ou no fundo da lista, se se tiver em conta a percentagem de crianças acolhidas em famílias temporárias: apenas 4%, quando em Espanha 30% das crianças separadas da família estão a viver em acolhimento familiar e em França 66%. Essa percentagem ganha ainda maior expressão no Reino Unido, onde 77% das crianças retiradas à família biológica estão em situação de acolhimento familiar.
O número de crianças em instituições em Portugal, que corresponde a 96% das situações de perigo, “é uma anomalia sem paralelo na Europa”, considerou Manuel Araújo, presidente da associação Mundos de Vida, um dos oradores do painel dedicado ao tema Desinstitucionalização – Os Afectos e os Laços. ver mais aqui

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Crónica de Opinião de Marcos Aguiar: "Está a ver professor?" - Rádio Pax

Rádio Pax - 21/10/2014 - 10:30   Ver aqui

Crónica de Opinião de Marcos Aguiar:
Professor, venho falar-lhe de um aluno chamado Diogo. 
O Diogo faz todos os dias 60 km para se deslocar para a escola. Ele vive em Mirandela e a escola mais próxima, com capacidade para o receber, fica em Vila Real. São 60 km para ir, mais 60 km para voltar. A soma dá 120 km/dia, está ver professor?
Mas as contas não ficam por aqui: a professora deste aluno (sua colega), porque vive em Macedo de Cavaleiros, que fica a pouco mais de 20 km de Mirandela, faz 85 km, duas vezes por dia, para dar aulas ao Diogo, em Vila Real – são 170 km. Somando as parcelas já vamos em 290 km/dia, que têm que ser percorridos para que o Diogo aceda a um direito consagrado na Constituição da República. São 6 mil km/mês para aceder a um direito constitucional, está a ver professor?
E veja igualmente o que diz a mãe do Diogo: "Tudo era mais simples se, em vez da criança se deslocar, pusessem um professor especializado para ele aqui em Mirandela, até porque temos uma escola que tem todo o tipo de materiais para ele poder usufruir". Também o presidente da Associação de Pais e Encarregados de Educação de Alunos com Autismo vê a coisa pelo mesmo prisma e estima que estejam por colocar cerca de 80% dos técnicos especializados em todo o país. 80%, tal com 6 mil km, é muito, não é professor?
Mas continuemos com os números: soube-se, no início deste maldito ano letivo, que a percentagem de crianças e jovens com deficiência que recebem subsídio por educação especial, entre julho e agosto, caiu mais de 69%. Fazendo as contas, 3181 pessoas deixaram de receber este apoio. Diga-me professor, no seu modo de ver as coisas, 3181 são muitas ou poucas pessoas?
Voltemos ao Diogo: professor, ele é funcionalmente cego e não pode usufruir, sequer, da paisagem que separa Mirandela de Vila Real. Apenas vislumbra vultos e a doença é degenerativa, pelo que, um dia destes, vai deixar de ver totalmente. Daqui a quanto tempo? Não sei professor, mas sei que, entretanto, porque você não cumpriu com a sua missão, o Diogo faz todos os dias 120 km para ir às aulas. Está ver professor?
O professor desiludiu–me. A boa imagem que tinha de si desvaneceu-se completamente. Por isso, ficarei muito satisfeito quando deixar de ser ministro, mas manter-me-ei, ainda assim, muito preocupado por saber que continuará a ser professor. É que lhe falta visão. E não, não me refiro ao tipo de visão que limita o Diogo. Refiro-me a uma aptidão que todos os professores (que todo os Homens) deveriam ter - a capacidade de olhar para dentro de outro Ser Humano e ver.
O professor tinha a obrigação de perceber que (antes de todos os outros alunos) os “Diogos” têm direito a uma escola, a educação, a um país a sério, que os potencie enquanto cidadãos na sua plenitude. Envergonha-me viver num país que admite professores (quanto mais governantes) sem a capacidade de compreender que a deficiência é, sobretudo, uma construção social.
Sei agora que o professor não percebe do que falo. Sei que não consegue ver que o mérito académico não pode ser o único critério de progressão social, em prejuízo do valor dos atos, das ideias e dos sentimentos das pessoas.
Deixo-o, por isso, com a sua meritocracia cega, mas antes partilho consigo as sábias palavras do Professor (com P grande) Agostinho da Silva: "Ser mestre não é de modo algum um emprego e a sua atividade se não pode aferir pelos métodos correntes; ganhar a vida é no professor um acréscimo e não o alvo; e o que importa, no seu juízo final, não é a ideia que fazem dele os homens do tempo; o que verdadeiramente há-de pesar na balança é a pedra que lançou para os alicerces do futuro".
Por isso, diga-me professor, afinal de contas, preocupa-o a forma como o Diogo vai olhar para si no futuro?
Um abraço, do tamanho do Alentejo, para todo o auditório da Rádio Pax.

Crônicas da surdez



Crônicas da Surdez - O Liv


Paula Pfeifer
Paula Pfeifer é deficiente auditiva, só escuta com a ajuda de aparelhos e se comunica oralmente. Poliglota e apaixonada por viagens, não usa a Língua Brasileira de Sinais, mas nem por isso é menos surda. Em seu livro, ela mostra, com a própria história e depoimentos, que os surdos podem e devem levar uma vida feliz, independente e produtiva.
Seu blogue Crônicas da Surdez tem milhares de acessos mensais e leitores de países como Portugal, Alemanha, Espanha, Estados Unidos e Argentina, além de já ter sido notícia nos mais importantes jornais e revistas brasileiros. Escreve, ainda, o blogue Sweetest Person. Matéria de sua autoriapublicada na revista TAM nas Nuvens em 2012 foi incorporada ao XI Manual of Pediatric Otorhinolaryngology.

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A dança sem fronteiras



A dança é, antes de tudo, uma manifestação intrínseca ao ser humano. Sendo assim, por que haveria de existir qualquer espécie de limitação a essa forma de arte? Pensando nisso e com a intenção de romper as barreiras que separam as pessoas da dança é que a coreógrafa, bailarina, atriz e pesquisadora Fernanda Amaral criou, em 2010, o Dança sem Fronteiras.


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segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Pais de crianças com dislexia preocupados

Pais de crianças com dislexia preocupados
"Tememos que os nossos filhos, que representam 48% dos alunos da educação especial, sejam relegados para segundo plano"
Os pais das crianças com dislexia mostram-se preocupados com um possível recuo na legislação que enquadra o apoio a estas crianças, temendo que fiquem relegadas para segundo plano.
Dislexia, disgrafia, disortografia e discalculia são as quatro dificuldades de aprendizagem específicas, sendo a dislexia a mais prevalecente
A Associação Portuguesa de Pessoas com Dificuldades de Aprendizagem Específicas realiza hoje em Lisboa um debate sobre a dislexia, que vai abordar as novidades previstas para a nova legislação do ensino especial.
Em declarações à agência Lusa, Eduarda Cabrita, dirigente desta associação, explicou que o relatório do grupo de trabalho sobre educação especial introduz algumas alterações que estão a preocupar os pais das crianças com dificuldades de aprendizagem específicas.
Dislexia, disgrafia, disortografia e discalculia são as quatro dificuldades de aprendizagem específicas, sendo a dislexia a mais prevalecente.
"Tememos que os nossos filhos, que representam 48% dos alunos da educação especial, sejam relegados para segundo plano. Tememos que venha a significar menos intervenção junto destas crianças", comentou Eduarda Cabrita, adiantando que os alunos com dislexia "vêm sempre na cauda dos apoios".
Da proposta contida no relatório do grupo de trabalho sobre educação especial, os pais contestam o facto de o documento apontar para uma indefinição de conceitos relativamente à dislexia e às outras dificuldades de aprendizagem específicas.
Para a associação é ainda preocupante que o relatório proponha que a avaliação para diagnóstico destes alunos tenha de ser feita por um médico do Serviço Nacional de Saúde (SNS): "O SNS tem meios e recursos humanos para fazer o diagnóstico de todos os alunos?", questionou Eduarda Cabrita.
A associação contesta também a proposta segundo a qual os pais deixam de ser um dos elementos que podem referenciar a criança, solicitando depois um diagnóstico.
No debate que hoje se realiza em Lisboa, e que conta com a participação da ex-ministra da Saúde Ana Jorge, a associação pretende deixar um "olhar realista sobre a (in)visibilidade da dislexia no sistema educativo português".
Lusa/SOL

« 68 choses à savoir à propos des enfants atteints d’autisme »


Ces « 68 choses à savoir sur les enfants atteints d’autisme » sont issues de témoignages de parents dont les enfants sont touchés par ce trouble. Chacun de ces témoignages est unique car il correspond à une expérience propre à chaque famille. Chacun de ces témoignages ne ressemble à aucun autre car il n’y a pas UN autisme, mais un ensemble demanifestations symptomatiques qui est propre à chaque personne.
 Quelques extraits :
 « L’autisme, ce n’est pas de votre faute » (Shanell Mouland).
« L’autisme, ce n’est pas la pire chose qui soit arrivée à mon fils. La pire chose, c’est le manque de ressources pour lui venir en aide et l’incompréhension des autres » (Lisa Quinones-Fontanez).
« L’autisme, ce n’est pas contagieux, ce n’est pas l’unique caractéristique d’une personne, ni quoi que ce soit dont vous devriez avoir honte » (Beth Durbin Gotwalt).
« L’autisme, c’est frustrant, éprouvant, fascinant, effrayant, c’est une autre façon de voir le monde, c’est de l’amour inconditionnel, innocent, pur, affectueux et bien plus encore » (Beth Durbin Gotwalt).
« L’autisme, c’est notre norme. Élever un enfant avec autisme, c’est la seule chose que je connaisse et j’ai les mêmes rêves et attentes que n’importe quelle autre mère » Lisa Quinones-Fontanez).
« L’autisme est un trouble qui affecte la communication et la capacité à participer aux interactions sociales » (Alycia Halladay, Ph. D. Autism Speaks).
« L’autisme, c’est une composante de ce qui rend nos enfants uniques » (Becca Blanks Ratliff).
« L’autisme, c’est la plus belle leçon qui m’ait enseignée à quel point je suis une femme et une mère fortes ». « L’autisme ne fait pas de mon fils une personne moins humaine. » (Amanda Nelson-Van Wagenen).
« L’autisme, c’est déchirant, frustrant, joyeux et excitant, tout cela à la fois » (Flo Halter).
« L’autisme, ce n’est ni la faute des parents, ni de l’enfant. Ce n’est pas mal, ce n’est pas le résultat d’une mauvaise éducation ou d’une surprotection de l’enfant. Ce que vous voyez, ce sont des parents et leurs enfants essayant de faire tout leur possible dans un monde qui peut s’avérer être chaotique » (Flo Halter).
« L’autisme, ce n’est pas facile, ni patient et ce n’est pas toujours aimable. L’autisme, ce n’est pas être un mauvais parent. » (Allie Smith).
Pour lire l’article dans son intégralité et découvrir tous les témoignages, cliquez ici.

Dia da Paralisia Cerebral assinala-se segunda-feira contra “perda de dignidade”

O Dia Nacional da Paralisia Cerebral assinala-se segunda-feira pela primeira vez oficialmente, uma data que pretende ser "uma festa", mas também alertar para os problemas enfrentados pelas 20 mil pessoas afetadas.

O Dia Nacional da Paralisia Cerebral assinala-se segunda-feira pela primeira vez oficialmente, uma data que pretende ser “uma festa”, mas também alertar para os problemas enfrentados pelas 20 mil pessoas afetadas, disse uma dirigente associativa.
Em declarações à Lusa, a presidente da Federação das Associações Portuguesas de Paralisia Cerebral, Eulália Calado, disse que o que está a acontecer neste momento é que estão a “retirar toda a dignidade” à população de pessoas afetadas por paralisia cerebral com os cortes orçamentais que têm sido aplicados nas várias áreas implicadas, desde a Segurança Social à Saúde.
“Não se pode ir ao sabor de políticas. Tire-se de onde se quiser, dos gabinetes dos ministros, tire-se dos carros, podem andar com carros de mais baixa cilindrada. São estas [as pessoas com paralisia cerebral] que necessitam mais. O Dia da Paralisia Cerebral dá para nós falarmos e os ecos talvez se reflitam nos outros 364 dias em que as pessoas se debatem com problemas tremendos”, referiu a dirigente associativa sobre o dia que vai incluir um concerto do fadista Camané e do pianista Mário Laginha, na Casa da Música, no Porto.
A presidente da federação recordou, por exemplo, que famílias com um rendimento agregado superior a 628 euros e “com um filho altamente dependente” não têm direito a transporte para ir a consultas ou a hospitais, algo que “antes era pago pelo hospital”.
Eulália Calado mencionou várias outras situações problemáticas, desde as pessoas “completamente presas” em andares cimeiros de um edifício sem acessos corretos que veem dificultadas as criações de rampas quer pelos próprios condomínios quer pelas autarquias até às dificuldades de obtenção de baterias novas para cadeiras elétricas que chegam a demorar um ano.
“Isto é a realidade. As pessoas não gostam de ouvir isto, mas é o dia-a-dia desta população. Nós fazêmo-los sentir perfeitamente lixo. Cidadãos de quinta, culpabilizados por estarem cá. Isto não pode ser”, declarou a presidente da Federação das Associações Portuguesas de Paralisia Cerebral.
As atividades de segunda-feira, o primeiro Dia Nacional da Paralisia Cerebral desde a publicação em Diário da República, vão desenvolver-se no Porto, começando às 09:30 no Espaço Atmosfera M com várias conversas, seguindo-se diversas oficinas em diferentes locais da cidade e culminando com o concerto, na Casa da Música, a partir das 19:00.
publicado aqui

Livro conta histórias de quem deu a volta à paralisia cerebral

Um bailarino, uma socióloga, dois informáticos e uma professora, todos vítimas da doença, falam sobre os seus projectos profissionais numa obra que será lançada nesta segunda-feira na Casa da Música.
A jornalista da RTP Fátima Araújo é a autora do livro hoje apresentado no Porto JORGE SILVA
Rui Reisinho, 37 anos, bailarino, DJ, designer numa empresa multimédia, fundador da A_JU_DANÇA, a primeira companhia de dança inclusiva do país, sonha com um campeonato de dança para pessoas com deficiência. Rui ouve, mas não fala. Tem uma folha com as letras do alfabeto e os números de 0 a 9 para compor frases e comunicar.
Ana Catarina Correia, 23 anos, frequenta o mestrado de Sociologia na Faculdade de Letras do Porto. Está a concluir a tese onde aborda as desigualdades das mulheres com deficiência. É activista do Movimento de (d)Eficientes Indignados, que luta para que os deficientes possam escolher a forma como querem ser apoiados. Defende a criação de institutos de vida independente como alternativa à institucionalização. Ou seja, residências para deficientes como as que existem na Suécia que lhes permitem alguma autonomia. Ana anda de cadeira de rodas, não consegue mexer-se ou levantar-se sozinha. Mora numa residência universitária e tem o apoio de uma assistente pessoal.  Quer dedicar-se à investigação sociológica e trabalhar numa Organização Não Governamental.
José Pedro Gomes, 23 anos, licenciado em Informática, está a desenvolver uma aplicação informática que permitirá às pessoas com deficiência, e não só, usar um telemóvel ou um tablet através do olhar. No início do ano recebeu uma carta da presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, que realça o seu “exemplo de excelência”. Depende de uma cadeira de rodas para se deslocar, tem problemas na fala. Quer criar uma empresa que arranje soluções para pessoas com deficiência. Maria de Fátima Ferreira, 38 anos, professora em Rio Tinto, escritora, várias vezes campeã nacional de natação adaptada, ganhou 40 medalhas de ouro. Vive com os pais. José Rui Silva, 24 anos, mestre em Ciências da Informação, estudou a forma de desenvolver um sistema para ajudar a controlar o absentismo dos profissionais de saúde do Hospital de São João, no Porto. Quer ser consultor em tecnologias e sistemas de informação. É atleta federado de vela adaptada e praticante de natação. As cinco histórias destas pessoas são contadas no livro Por Acaso… de Fátima Araújo, jornalista da RTP, que hoje é apresentado na Casa da Música, no Porto, por ser Dia Nacional da Paralisia Cerebral.
A obra não nasceu por acaso. Fátima Araújo andou seis meses a ouvir e gravar o que pessoas com paralisia cerebral, casos de superação, tinham para dizer. O desafio foi lançado pela IMOA – Clothing for All, de São João da Madeira, que faz roupa inclusiva e que testou o vestuário em utentes da Associação do Porto de Paralisia Cerebral. Foi quando que se deu o clique: havia histórias que tinham se ser contadas. Fátima Araújo aceitou o convite. Chama-lhe reportagem jornalística e não livro e justifica o nome com os acasos da vida. “Por acaso, todos somos fruto de algum acaso, tenha sido ele mais ou menos feliz. Por acaso essas pessoas são assim, mas por acaso têm a capacidade de se auto-superar e demostram-no diariamente” nos seus projectos profissionais, refere.
O neurocirurgião João Lobo Antunes assina o prefácio. “Estas são cinco histórias sobre quem recusou render-se e é, portanto, um cântico de louvor à vitória sobre o próprio corpo ferido e rebelde, uma luta em que as armas que mais contam são a vontade, a tenacidade – quero dizer a vontade sustentada -, a esperança – no sentido da procura da realização de um objectivo -, e uma inesgotável dieta de amor por parte daqueles que cuidam destas pessoas”, escreve.
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sábado, 18 de outubro de 2014

Stephen Hawking esteve dia11/07/2014) na Madeira e ontem dia 18 em Lisboa. Ver A Teoria de Tudo Trailer Oficial (2015) Legendado.

Aquele que é considerado por muitos especialistas como o mais brilhante teórico na área da cosmologia e da gravidade quântica desde Albert Einstein, chegou a bordo do navio britânico 'Oceana', que partiu de Southampton, fez escala no porto do Funchal e partiu há pouco com destino a Tenerife, nas ilhas Canárias.
Durante a escala no Funchal, entre as 9 e as 17 horas, o cientista inglês teve a oportunidade para visitar alguns dos pontos turísticos e de interesse da capital madeirense.
Stephen Hawking é reconhecido internacionalmente pelo seu trabalho sobre as origens e a estrutura do universo, desde o Big Bang aos buracos negros, tendo revolucionado o campo da cosmologia.
Uma Breve História do Tempo (1988), O Universo numa Casca de Noz (2001) e The Grand Design (2010) são alguns dos seus 'best-sellers', que ajudaram a popularizar a ciência e torná-la acessível a todos.

J'ai six ans, je suis handicapé(e) et je vais à l'école. Ça vous étonne?

Ce n'est pas toi que j'attendais (Não eras tu que eu esperava)




Ce n'est pas toi que j'attendais

Date de parution : 08/10/2014 | ISBN : 978-2-7560-3550-5

Scénario : Fabien TOULMÉ

Dessin : Fabien TOULMÉ

Couleurs : Fabien TOULMÉ Mista BLATTE

Série : Ce n?est pas toi que j?attendais

Collection : ENCRAGES

RÉSUMÉ DE L'ÉPISODE

Dans la vie d'un couple, la naissance d'un enfant handicapé est un ouragan, une tempête. Quand sa petite fille naît porteuse d'une trisomie non dépistée, la vie de Fabien s'écroule. De la colère au rejet, de l'acceptation à l'amour, l'auteur raconte cette découverte de la différence. Un témoignage poignant qui mêle avec délicatesse émotion, douceur et humour.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

ENTREVISTA “A escola está a regredir em relação às questões da inclusão” NATÁLIA FARIA 16/10/2014 - 08:15

David Rodrigues, presidente da Pró-Inclusão – Associação Nacional de Docentes de Educação Especial, diz que as AEC estão a tornar-se “absolutamente desinteressantes”. E avisa que, se as escolas não começarem a integrar a diferença, estaremos a "organizar sociedades completamente estanques e ofensivas em relação umas às outras"


O professor universitário David Rodrigues, que preside à Associação Nacional de Docentes de Educação Especial, participa hoje, em Lisboa, na segunda conferência “A inclusão nas Escolas”, promovida pela Fundação Francisco Manuel dos Santos. Ao PÚBLICO aponta a “grande carência de políticas públicas de apoio aos alunos com dificuldades”, critica as “poupanças” nos subsídios por educação especial e lamenta que as Actividades Extracurriculares, base de sustentação da escola a tempo inteiro, estejam muitas vezes entregues a “pessoas pouco qualificadas”. Os professores, defende, deviam receber mais formação em tempo de serviço e os directores das escolas também. Para aprenderem a integrar a diferença.
A que ponto o combate ao insucesso e ao absentismo pode justificar medidas como a criação de uma turma composta exclusivamente por alunos de etnia cigana, como aconteceu recentemente em Tomar?
A inclusão é um termo com tantos sentidos que muitas vezes fazemos exclusão em nome de inclusão e separamos as crianças. Nós devemos procurar modificar a escola, as estratégias, os conteúdos, as formas de interacção, de maneira a que todas as crianças possam aprender em conjunto e ser enriquecidas na sua aprendizagem pela experiência umas das outras. No que respeita aos alunos de etnia cigana, não é a primeira vez que isto se passa. Já no célebre caso de Barcelos, em que os meninos ciganos foram postos num contentor, uma responsável do Ministério da Educação dizia que aquilo era um caso de inclusão intermédia. Como é que separar as pessoas, colocá-las num contentor fora da escola, poderia ser um caso de inclusão? Como medida de partida, não considero que isso possa ser uma medida equitativa nem justa em relação aos meninos ciganos. A escola deve educá-los como os restantes meninos que pertencem à sua comunidade geográfica.
Do lado das escolas, o argumento é que estas crianças provêm de contextos diferentes e, portanto, trata-se de procurar uma resposta mais personalizada, nomeadamente para prevenir o insucesso e o absentismo.
Em primeiro lugar era preciso saber o que é que a escola fez objectivamente para acolher essas crianças, isto é, se realmente foi feito um esforço para que o currículo fosse diferenciado, para que esses alunos fossem ouvidos, para que eles tivessem uma participação na escola, ou se, pelo contrário, a escola se colocou numa posição de ‘Eu estou aqui e vocês têm de vir até mim’, em vez de fazer um esforço para ser ela a chegar aos alunos. Uma segunda questão é que o facto de os alunos serem diferentes não é uma justificação para eles serem segregados. Há uns anos, havia turmas masculinas e turmas femininas, e, na altura, não se imaginava que rapazes e raparigas pudessem ser educados conjuntamente, porque eram de tal maneira diferentes – imaginava-se – que tinham de ser educados diferentemente. E continuamos a reproduzir esta ideia de que a boa escola é a escola homogénea e de que, quanto mais homogénea, for melhor a escola é. E a nossa perspectiva é exactamente ao contrário: quanto mais heterogénea a escola for, melhor ela vai ser. E compete à escola fazer esse esforço de aproximação às crianças provenientes de outras culturas, com outras vivências e outros códigos de linguagem. E aí é que realmente a escola tem que mudar.
 Ao promover esta separação, a escola está a desistir de se tornar inclusiva?
Há uma certa desistência, sim. Se nós começarmos com este caminho, de quantas escolas vamos precisar? Uma para rapazes, outra para raparigas, uma para cabo-verdianos, uma para ciganos, uma para meninos pobres, outra para meninos ricos. Isto é insano. Se não insistirmos na modificação da escola, vamos organizar sociedades que são completamente estanques e eventualmente ofensivas em relação umas às outras.
Esperar que a escola seja capaz de dar resposta diferenciada a estas diferentes necessidades não é esperar demasiado, atendendo à realidade que conhecemos?
É, mas já pensou que nós esperamos demasiado do sistema de saúde ao continuarmos a dizer que um dia havemos de ter um sistema de saúde que trate de nós? E a esperar demasiado do Estado e da democracia e a dizer que um dia haveremos de ter uma democracia que seja participativa e que funcione? Por que é que a escola não devia ser utópica? A escola é intrinsecamente utópica e é-o desde a sua fundação, no século XIX.
Que diagnóstico faz da escola portuguesa nesta óptica da inclusão?
No eixo dos alunos, era muito importante termos um apoio preventivo das dificuldades, isto é, não deixar que os alunos comecem a experienciar dificuldades e que essas dificuldades se instalem de maneira a que eles descolem, desistam e tenham insucesso na escola. Outra questão que me parece importante é melhorar as AEC [Actividades Extracurriculares] que se estão a tornar absolutamente desinteressantes. São feitas muitas vezes por pessoas pouco qualificadas, não existe controlo, não existe investimento da escola nas AEC. Estas começaram por ser um programa fundamental na escola a tempo inteiro mas estão a ser negligenciadas. Vamos por aí e encontramos preparadores físicos nas AEC que põem os meninos a dar voltas à escola porque não há mais nada para fazer. Se há tantos professores desempregados, por que é que eles não são contratados pelas escolas? É como se houvesse dois mundos completamente diferentes, uma coisa é a escola e outra coisa são as AEC. Isso não pode ser porque as crianças estão na escola durante as AEC e os pais confiam que elas estão na escola com um objectivo educativo. Deviam estar a fazer expressão cultural, música, teatro, a conhecer a comunidade que está à volta. Por último, temos as necessidades educativas especiais. Foi feita uma redução brutal do subsídio de educação especial para milhares de alunos, que os condenou a uma situação de menor atendimento, de menor qualidade de atendimento e pomos até em causa que as terapias que vão às escolas estejam a ser feitas no melhor modelo.
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