Um sector a necessitar de uma profunda alteração é o da Educação. Com mais ou menos paixão, ninguém a ousou fazer. E, no entanto, há muito se sabe onde a intervenção transformadora deveria ser realizada.
Em primeiro lugar, é crucial fazer baixar as taxas de retenção e desistência escolar, a começar sempre pelo 1.º ciclo. Sabe-se hoje que o percurso de sucessivas retenções se inicia no 1.º ciclo, sem que as dificuldades dos alunos tenham sido detectadas e sem que tenha sido iniciado o processo de as superar. A provável diminuição de alunos nas zonas mais desertificadas poderá levar ao excesso numérico de docentes, mas estes professores poderiam ser canalizados para o reforço das aprendizagens dos alunos com mais dificuldades.
Em segundo lugar e também no 1.º ciclo, é essencial avaliar e rever as metas de aprendizagem, que nalguns aspectos se afiguram absurdas. Como pensar em promover a leitura se é exigido um número de palavras lidas em cada minuto, sem ter em conta o desenvolvimento de cada aluno? Esta medida pode levar a que as crianças ainda leiam menos, o que não deixa de ser preocupante.
Em terceiro lugar e nos três primeiros ciclos do ensino básico, é preciso não colocar a tónica apenas nas disciplinas clássicas, mas ter a noção de que é necessário desenvolver o desporto, o teatro e a música. Experiências dispersas mas já avaliadas permitem concluir que estas actividades desempenham um papel importante no desenvolvimento infantil e juvenil, sendo essenciais para a integração, a melhoria do rendimento e combate à indisciplina (um dos grandes problemas da escola dos nossos dias).
Por último e para já, é urgente criar mecanismos que fortaleçam a responsabilização dos alunos pela melhoria do clima escolar. Nada se conseguirá sem alterar a ideia, tão prevalente em muitas crianças e jovens, de que a escola vale pelos amigos e que as aulas são um sacrifício nada estimulante. Assembleias de delegados de turma, constituição de comissões contra a violência onde os alunos tenham papel relevante, dinamização de projectos onde os mais novos tenham real protagonismo são alguns exemplos que um atento ministro deverá incentivar.
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