DANIEL SAMPAIO |
Nos empregos, os pais (quase sempre as mães) aparecem com os filhos, quando as chefias são compreensíveis e as administrações fecham os olhos. Vemos então crianças e adolescentes mais ou menos contrariados, a transportar fichas de trabalho escolar que raramente utilizam ou a disfarçar a vontade de espreitar o computador do serviço. Alguns fazem desenhos coloridos, experimentam colagens a partir de revistas utilizadas a medo ou brincam com alguém da mesma idade que também não ficou em casa. Os pais vivem com ansiedade esses momentos e o seu próprio desempenho deve ressentir-se, porque o tempo passa devagar, a dividir-se entre tomar conta do filho ou obedecer ao chefe. A colega do lado, que há muitos anos casou com o trabalho e não tem crianças a seu cargo, murmura desabafos críticos com o funcionário divorciado que só vê os filhos aos fins-de-semana e não tem necessidade de os ter por ali: embora sorriam para os mais novos, na verdade não gostam que lá estejam, fazem barulho e mexem no computador, nos clips e nos papéis, quem sabe se foram eles que perderam aquele pequeno recado escrito que a chefe acabou de deixar.
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