domingo, 18 de maio de 2014

Roupa versátil para corpos diversos ANA CRISTINA PEREIRA 18/05/2014 - 08:00 Público

Duas amigas lançaram uma empresa com linhas de roupas que podem ser usadas por qualquer pessoa, incluindo quem se desloca em cadeira de rodas.
Um novo conceito está prestes a chegar ao mercado: roupas inclusivas, isto é, roupas que podem ser usadas por pessoas com ou sem incapacidade física. A empresa que o está a lançar, IMOA, com sede em São João da Madeira, procura gente entre os 18 e os 80 anos que possa dar rosto às várias linhas.
Quis o acaso que Susana Rodrigues e Célia Moreira se conhecessem ao frequentar um curso de “coaching”, tão em voga nestes tempos em que a qualquer um parece dar jeito melhorar a performance. Nada parecia ligar estas mulheres que agora vemos dizer que não querem que alguém tenha de vestir um “saco de batatas” só porque está confinado a uma cadeira de rodas.
Susana Rodrigues conta 33 anos. Estudou Biologia. Chegou a iniciar carreira de investigação, mas não, não era no laboratório que encontrava alegria. A sua grande paixão era a moda. Decidiu segui-la. E quis fazer tudo como devia ser. Estudou consultadoria de imagem em França. Aprofundou alguns aspectos em Inglaterra e nos Estados Unidos. Estava a trabalhar nisso.
Célia Monteiro, 41 anos, estudou comunicação, fez pós-graduação em assessoria, trabalhou num canal de televisão, mas não lidava bem com o stress. Fez um mestrado em psicologia clínica. Sentia-se no sítio certo. Trabalhava com pessoas que estavam a reaprender a viver depois de terem sido apanhadas por algo tão perturbador como um acidente vascular cerebral ou um traumatismo crânio encefálico. Para trabalhar melhor, fez uma especialização em neuropsicologia.
Muitas daquelas pessoas tinham vidas activas, intensas. De um dia para o outro, ficaram em parte paralisadas. Para ninguém é fácil a adaptação à mudança. “Vemos isso quando uma pessoa se casa, quando se divorcia, quando tem filhos, quando perde alguém, quando tem de fazer um luto”, comenta ela.
Célia via o que sofriam enfermeiros e familiares para vestir alguns. E via o que sofriam os próprios doentes. Vestir um casaco pode ser tão penoso que alguns preferem passar frio. Há quem se recuse a sair de casa por não se sentir bem com nenhuma peça de roupa que tem no armário.
Falaram disso tudo quando se conheceram. O que é funcional não tem estilo. O que tem estilo é pouco funcional. Mas com pequenas alterações, roupas proibidas passam a roupas permitidas. E isso, explica Célia, ajuda os doentes a gostarem mais da sua imagem, a sentirem-se mais motivados para sair de casa.
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