EMÍLIA MONTEIRO
Prova de Inglês previa que alunos com deficiência auditiva severa ouvissem o CD da oral em velocidade lenta. Não havia DVD para leitura labial.
DIANA QUINTELA/GLOABL IMAGENS
Prova de inglês gerou protestos entre os docentes
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Surdos tinham de fazer prova de inglês que incluía ouvir CD
EMÍLIA MONTEIRO
| Ontem
Prova de Inglês previa que alunos com deficiência auditiva severa ouvissem o CD da oral em velocidade lenta. Não havia DVD para leitura labial.
DIANA QUINTELA/GLOABL IMAGENS
Prova de inglês gerou protestos entre os docentes
Os cerca de cem estudantes surdos que frequentam o 9.º ano de escolaridade na Rede Nacional de Referência para a Educação Bilingue de Alunos Surdos não fizeram o exame de inglês que se realizou em todas as escolas e agrupamentos do país, na semana passada. É que a prova inclui uma parte oral que, obviamente, está fora do seu alcance.
O Ministério da Educação e Ciência obrigou todos os alunos do 9.º ano a realizar o Preliminary English Test for Schools (PET), elaborado pela universidade inglesa de Cambridge. E os alunos surdos até queriam fazer o exame, mas a forma como a prova foi elaborada não permite que os estudantes com limitações realizem a parte oral e auditiva, impedindo-os assim de, após o pagamento de 25 euros, obter o certificado passado pela universidade inglesa a reconhecer os seus conhecimentos.
"Temos sete alunos surdos no agrupamento que não realizaram a prova", disse ao JN João Dantas, responsável pelo Agrupamento de Escolas D. Maria II, em Braga. "Com conhecimento do Instituto de Avaliação Educativa, tomamos a decisão de dispensar os alunos".
Também na Escola Eugénio de Andrade, no Porto, os cinco estudantes surdos não fizera o exame de inglês. "Os pais não manifestaram interesse em que os alunos realizassem a prova", afirmou a subdiretora Sónia Cruzeiro.
"O exame de inglês, para a minha filha, era só a parte escrita, porque ela não ouve nem fala e não podia fazer as outras duas partes", explicou-nos a mãe de uma aluna.
Regulamento incongruente
Os alunos surdos já não tinham realizado a prova no ano passado, pelo mesmo motivo. Este ano, o despacho do Ministério da Educação (no artigo 11.º) propôs que o "CD áudio seja adaptado com possibilidade de leitura labial", ou adaptado "com velocidade mais lenta".
"Os alunos são surdos, não ouvem de nenhuma maneira. Uma das possibilidades era apresentar um DVD, mas o exame prevê um CD", lamentou João Dantas.
Os estudantes surdos deveriam ter realizado o exame em escolas do Porto, Braga, Coimbra, Aveiro, Castelo Branco, Lisboa, Seixal, Torres Novas, Évora e Faro.
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